Foto Ilustração: Rafael Henrique/SOPA Images/LightRocket via Getty Images
O Magazine Luiza tem investido forte na aquisição de empresas. Só nos últimos 18 meses foram 21 – entre elas estão Plus Delivery (aplicativo de entrega de refeições), Jovem Nerd (plataforma multimídia voltada para o público nerd e geek) e Juni (startup de otimização de conversão de vendas). A última operação, considerada a maior de todas até agora, foi a compra de 100% do KaBuM!, uma das principais plataformas de e-commerce de tecnologia e games do país. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (15/07)
O valor total será pago em três etapas. A primeira parcela, à vista, é de R$ 1 bilhão de reais. A segunda envolve a transferência de 75 milhões de ações ordinárias da companhia ao longo de um ano e meio e, a terceira, de até 50 milhões de ações, ocorrerá em janeiro de 2024 e será condicionada ao cumprimento de metas do KaBuM!.
Segundo o Magalu, este novo negócio reforça o seu pilar estratégico de novas categorias, com um sortimento complementar ao atual e com enorme potencial de crescimento. Além disso, aprofunda a sua posição no mercado de games. A indústria global de jogos eletrônicos é estimada pela Accenture em mais de US$ 300 bilhões. E os valores tendem a aumentar. Só nos últimos três anos, esse setor ganhou meio bilhão de novos gamers, para um total de 2,7 bilhões em todo o mundo. Até 2023, deve superar os 3 bilhões. Só no Brasil, o mercado deve movimentar US$ 2,3 bilhões em 2021 – são 95 milhões de gamers brasileiros.
Fundado em 2003, o KaBuM! tem 2 milhões de clientes ativos e oferece mais de 20 mil itens de tecnologia para profissionais e para o universo gamer. Nos últimos 12 meses, teve receita bruta de R$ 3,4 bilhões e um lucro de R$ 312 milhões. Em 2020, devido aos novos hábitos de consumo estimulados pela crise da covid-19, cresceu 128% em vendas em relação ao ano anterior.
Para Mario Mariante, analista chefe da Planner Corretora, o setor de atuação da KaBuM! alcança um público enorme e que tem apetite e fidelidade na busca por lançamentos e acessórios. “Acredito que as sinergias poderão ser bem aproveitadas com essa integração, agregando mais valor ao Magalu”, aponta. “A postura agressiva de crescimento via aquisições vem sendo um marco na companhia nos últimos anos, e ela deixou bem claro para o mercado que se tornaria o maior hub de negócios, incorporando uma grande diversidade de produtos e serviços.”
Hugo Queiroz, diretor do TC Matrix, vertical de análise de dados do TC, plataforma de inteligência de mercado de capitais e educação financeira, complementa que o Magalu quer se transformar em um super app e ser um grande one stop shop. “Quando a gente enxerga esse caminho, isso me remete à Amazon, e eu imagino que o mercado veja da mesma forma. Por esse motivo suas ações têm valorizado tanto nos últimos anos, e num nível de valuation e preço muito esticado, que foi exatamente o que ocorreu com a Amazon no passado.”
O especialista pontua que a organização tem um plano estratégico bem desenhado e boas execução e entrega. “Isso é muito positivo para ela e para os seus sócios. Logo, o mercado vai colocar isso no preço.”
Além da compra do e-commerce de tecnologia e games, o Magalu anunciou a realização de um follow-on, que deve emitir 150 milhões de novas ações. O sindicato de bancos responsável pela operação é liderado por Itaú e BTG Pactual e conta ainda com J.P. Morgan, Merril Lynch, Banco do Brasil, Bradesco, Goldman Sachs, Morgan Stanley, Santander e XP.
“Se colocadas todas as ações, considerando as adicionais, a oferta pode chegar até R$ 4,6 bilhões. Ou seja, a empresa segue visando aumentar seus canais de venda, tecnologia etc. e também fazer potenciais aquisições, uma rotina que o mercado tem visto nos últimos três anos”, acrescenta Mariante.
Em comunicado, a companhia comandada por Frederico Trajano informou que os recursos captados terão como destino a expansão em novos mercados, investimentos em logística, com abertura de novos centros e hubs de distribuição, e o pagamento de aquisições estratégicas. Uma delas é a da Hub Fintech, realizada em dezembro de 2020 e cuja compra, no valor de R$ 290 milhões, foi concluída.