PF aponta Braga Netto como peça-chave em estratégia para deslegitimar eleições

Relatório entregue ao STF revela atuação do ex-ministro da Casa Civil na disseminação de desinformação eleitoral e conexões com plano golpista

A Polícia Federal identificou o general Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil de Jair Bolsonaro, como figura central em uma estratégia coordenada para desacreditar o sistema eleitoral brasileiro. As conclusões constam de relatório enviado nesta quarta-feira (18) ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, baseado em mensagens trocadas em um grupo de WhatsApp chamado “Eleições 2022”. Segundo as investigações, Braga Netto participou ativamente da produção de um documento com alegações falsas sobre fraudes nas urnas, destinado a embasar ações no TSE, e coordenou a disseminação de “estudos” fraudulentos através de influenciadores bolsonaristas, incluindo o argentino Fernando Cerimedo.

O documento revela ainda que o assessor de Braga Netto, coronel Flávio Botelho Peregrino, teve acesso privilegiado à delação premiada de Mauro Cid. Mensagens analisadas pela PF sugerem que o intento golpista remonta aos eventos de 7 de setembro de 2021, quando Braga Netto teria discutido com Cid sobre a possibilidade de “virar a mesa” caso autoridades não cumprissem acordos. A defesa do general nega as acusações e marcou uma acareação com Cid para a próxima terça-feira (24), buscando esclarecer alegações sobre o suposto plano “Punhal Verde e Amarelo” e entrega de dinheiro a militares.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil