Dólar dispara e faz real ter maior queda em 18 anos

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O dólar fechou em alta na sexta-feira, 8, e teve o maior ganho semanal em quase sete meses no mercado de câmbio do Brasil. E o real consolidou o pior início de ano em termos de desvalorização em pelo menos 18 anos, conforme investidores repercutiram a força da moeda americana no exterior e a falta de ingressos de recursos ao país.

As causas disso, a redução das incertezas globais com a vitória de Joe Biden nas eleições americanas e o início das aprovações de vacinas contra o novo coronavírus levaram o dólar a perder força nos dois meses finais de 2020.

Analistas apontaram que a economia global pode ter entrado em uma nova fase duradoura de enfraquecimento da moeda americana, beneficiando países emergentes como o Brasil. Há um mês, bancos e corretoras passaram a revisar as projeções para o dólar, apontando que poderia cair para uma faixa entre 4,20 reais e 4,50 reais ao longo deste ano, com o ingresso de capital estrangeiro e a melhora da confiança na economia brasileira.

As incertezas sobre o rumo da agenda de reformas no país e a relação entre o Executivo (do presidente Jair Bolsonaro) e o Legislativo pós-eleições para Câmara e Senado e o salto de casos de Covid-19 no Brasil têm aumentado as dúvidas sobre o crescimento econômico em 2021, depois de um ano já recessivo em 2020.

Essa combinação mina ainda mais a atratividade do real como moeda de investimento, algo que já está afetada pela taxa básica de juros nas mínimas históricas, atualmente em 2% ao ano, e pela falta de perspectiva de robustos ingressos de capital. O dólar à vista fechou na sexta em alta de 0,31%, negociado a 5,4168 reais na venda, depois de oscilar entre 5,4417 reais (+0,77%) e 5,3225 reais (-1,43%).

Na semana, a moeda americana saltou 4,34%. Foi a maior valorização desde a semana encerrada em 19 de junho do ano passado (+5,41%). Considerando os cinco pregões iniciais do novo ano, o real teve o pior desempenho desde pelo menos 2003, iniciando de forma negativa um mês que, sazonalmente, é de entrada de capital ao país e de queda do dólar.