Governo Bolsonaro é cobrado por secretários de cultura sobre condução da Lei Rouanet

Foi enviado na quarta-feira (14) pelo Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Estaduais de Cultura, um ofício ao Secretário Especial da Cultura do governo Bolsonaro, Mario Frias, e ao Secretário Nacional de Fomento e Incentivo à Cultura, André Porciúncula, em que demonstra preocupação com a lenta condução da Lei Federal de Incentivo à Cultura, nome que a Lei Rouanet passou a ter na gestão de Jair Bolsonaro. O grupo critica decisões do Ministério do Turismo, ao qual ambas as secretarias são ligadas, e diz que a verba captada por projetos de todo o país não está chegando ao seu destino, causando “efeitos graves em parte do setor cultural”. 

O documento foi assinado pela presidente do Fórum, Ursula Vidal, secretária de cultura do Pará, e secretários de outros 24 estados, incluindo o de Minas Gerais, Leônidas Oliveira, e do Distrito Federal. Ursula Vidal diz que, na última segunda-feira (12), o Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Estaduais de Cultura se reuniu com André Porciúncula e com a secretária-adjunta da Secretaria Especial de Cultura, Andrea Paes Leme.

Eles se comprometeram, entre outras medidas, a desenvolver um tutorial para auxiliar os proponentes e a avaliar o funcionamento do sistema e do servidor do Salic, o Sistema de Apoio às Leis de Incentivo à Cultura. “Elaboramos o ofício para formalizar os questionamentos feitos pelo Fórum em relação aos graves problemas enfrentados desde 2020, que vêm travando a operacionalização de captação de recursos. Estamos muito preocupados, os e-mails não têm sido respondidos e essa demora tem inviabilizado os projetos”, comenta Ursula.

Outra queixa apresentada é a demora da publicação do edital de convocação para a formação da Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (CNIC) para o biênio 2021-2022, o que, segundo o Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Estaduais de Cultura, “agrava ainda mais a lentidão dos fluxos dos projetos analisados”. A CNIC é um colegiado formado por 21 membros da sociedade civil, sendo sete titulares e 14 suplentes. 

“Estamos muito preocupados com a questão da CNIC também. Se eles não fizerem o chamamento para a formação de uma nova comissão, as decisões serão monocráticas e isso é muito ruim para o processo todo. É uma tragédia”, salienta a secretária estadual de cultura do Pará. De acordo com o ofício, até a data do envio do documento (14 de abril), 845 projetos estavam sob análise da Secretaria Especial de Cultura, sendo que 244 ainda aguardam pela conclusão desta etapa desde o ano passado.

“A demora em dar efeito às atribuições administrativas da referida Secretaria trava um fluxo de cerca de 700 milhões de reais que poderiam aquecer o mercado para a retomada do setor cultural”, alerta o Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Estaduais de Cultura.