Nove estados registraram mais de 41 mil crimes ambientais em dois anos, aponta relatório

Dados revelam subnotificação e falta de proteção a comunidades tradicionais; Pará e São Paulo lideram em queimadas

Um levantamento da Rede de Observatórios de Segurança revelou que nove estados brasileiros registraram 41.203 crimes ambientais entre 2023 e 2024, com destaque para São Paulo (17.501 casos) e Pará (com aumento de 127,54% em incêndios florestais). No entanto, os pesquisadores alertam que os números não refletem a realidade completa, pois excluem violências contra povos indígenas, quilombolas e ribeirinhos, além de não contabilizarem impactos de grandes obras e atividades legais, como agropecuária e mineração. O relatório também aponta falta de padronização nos dados entre os estados – alguns, como Ceará e Maranhão, não detalharam tipos de infração ou vítimas.

O estudo classificou os crimes em cinco categorias: contra a fauna (Piauí lidera, com 67,89%), flora (Bahia, 87,22%), poluição (Maranhão, 27,66%), exploração mineral (Rio de Janeiro, 2,66%) e outros. Entre as recomendações, os pesquisadores defendem a criação de órgãos especializados em crimes contra populações tradicionais e a padronização nacional das estatísticas. “Precisamos de mudanças profundas, como ocorreu com a lei de violência de gênero”, afirma Silvia Ramos, coordenadora da Rede. O Maranhão teve o maior aumento percentual (26,19%) nos crimes em 2024, enquanto São Paulo registrou 246,03% mais incêndios florestais no mesmo período.

Foto: Divulgação/CBMBA