MPF indica que empresa do ‘faraó dos bitcoins’ atuou em sete países

Foto: Reprodução

A denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra o empresário Glaidson dos Santos, a esposa dele Mirelis Zerpa e mais 15 pessoas por crimes contra o sistema financeiro, apontou que a organização criminosa atuou em sete países entre os anos de 2015 e 2021.

O esquema ilegal de investimentos em criptomoedas comandado por Glaidson, que ficou conhecido como ‘faraó dos bitcoins’, movimentou, segundo o MPF, mais de R$ 38,2 bilhões a partir de sistema de pirâmide financeira.

Um relatório de inteligência financeira do MPF identificou operações com ao menos 6.249 pessoas físicas e 2.727 pessoas jurídicas. Aproximadamente R$ 16,7 bilhões, 44% do total, foi movimentado nos últimos 12 meses em operações vinculadas à GAS Consultoria.

A organização atuou nos Estados Unidos da América, no Reino Unido, em Portugal, no Uruguai, na Colômbia, no Paraguai e nos Emirados Árabes Unidos.

A denúncia foi aceita pelo juiz Vitor Valpuesta da 3ª Vara Federal na última segunda-feira (4).

Os 17 (veja a lista abaixo) responderão por crimes contra o sistema financeiro nacional como gestão de organização financeira sem autorização, gestão fraudulenta e organização criminosa.

A decisão também determina que os réus que estão em liberdade fiquem proibidos de sair do país e entreguem os passaportes em 24 horas.

Os denunciados:

  • Glaidson Acácio dos Santos (preso)
  • Mirelis Yoseline Diaz Serpa (foragida)
  • Felipe José Silva Novais (foragido)
  • Kamila Martins Novais (foragida)
  • Tunay Pereira Lima (preso)
  • Márcia Pinto dos Anjos (presa)
  • Vicente Gadelha Rocha Neto (foragido)
  • Andrimar Morayma Rivero Vergel (responde em liberdade)
  • Diego Silva Vieira (responde em liberdade)
  • Mariana Barbosa Cordeiro (responde em liberdade)
  • Paulo Henrique de Lana (responde em liberdade)
  • Kelly Pereira Deo de Souza Lana (responde em liberdade)
  • João Marcus Pinheiro Dumas Viana (foragido)
  • Larissa Viana Ferreira Dumas (responde em liberdade)
  • Guilherme Silva de Almeida (responde em liberdade)
  • Alan Gomes Soares (responde em liberdade)
  • Michael de Souza Magno (foragido)

Ligação com o tráfico e a milícia

O Ministério Público Federal crê que, entre os clientes da organização, há traficantes e milicianos.

A Polícia Federal descobriu, durante as investigações, que dois moradores da comunidade do Lixo, em Cabo Frio, na Região dos Lagos, fizeram depósitos em dinheiro na conta bancária da G.A.S. que totalizaram R$ 1,7 milhão.

Os dois depósitos aconteceram em 30 de junho passado. Um deles no valor de R$ 900 mil e outro de R$ 800 mil, ambos de moradores da comunidade.

Os dois homens não possuem emprego ou qualquer ocupação que justifique o depósito dessa quantia em dinheiro.

Sobre milicianos, a PF já sabe que os investimentos desses grupos na GAS chegaram a R$ 2 milhões.

Em setembro, uma operação da Polícia Civil do RJ encontrou contratos da GAS na casa de um homem apontado como operador da milícia que atua em Rio das Pedras é Muzema, na Zona Oeste do Rio.

10% ao mês de lucro

A GAS Consultoria Bitcoin prometia 10% de retorno do dinheiro investido por mês aos clientes e dizia obter esses ganhos no mercado de criptomoedas.

De acordo com a denúncia do MPF, Glaidson teria “gerido fraudulentamente a instituição financeira por eles pretensamente operada” através da GAS e da empresa gerida por sua mulher, Mirelis Zerpa – que está foragida.

O casal, ainda segundo as investigações, captou e geriu recursos de terceiros e ofertou valores mobiliários à margem das autoridades de controle.

Sem registro nos órgãos competentes para operar no mercado financeiro, a GAS Consultoria divulgava por diversos meios e oferecia aos clientes rendimento fixo de 10% com investimento exclusivo em bitcoin.

No entanto, as investigações revelaram que a empresa aplicava o dinheiro dos investidores em produtos diversos, como serviços bancários tradicionais e em outras criptomoedas diferentes do bitcoin.

Por g1 Rio