Entenda o motivo dos chefes do tráfico migrarem do Pará ao Rio de Janeiro

A forte presença de paraenses nos morros do Rio de Janeiro e que estão ligados ao tráfico de drogas foi exposta numa megaoperação no Complexo do Salgueiro. Foram 13 mortos, nove eram naturais do Pará, da quadrilha do paraense Leonardo Costa Araújo, o Léo 41, um dos criminosos mais procurados do país – também morto na operação.

A Polícia do RJ estima que 150 paraenses estão escondidos nas favelas cariocas. Era 29 de julho de 2019. O padre Patrício Brennan, da Pastoral Carcerária de Altamira, no sudeste do Pará, acompanhava familiares de detentos mortos enquanto a perícia montava uma força-tarefa para identificar 62 corpos.

As mortes ocorreram dentro do Centro de Recuperação Regional de Altamira, em um confronto entre duas facções criminosas rivais – o Comando Vermelho (CV) e Comando Classe A (CCA). O episódio, que terminou com uma ala inteira destruída, é a segunda maior tragédia carcerária da história do Brasil, atrás do massacre no Carandiru.

Foram 58 detentos mortos dentro do presídio, a maioria, por asfixia. Dezesseis deles foram decapitados. Enquanto faccionados eram transferidos, um dia após o massacre, outros quatro foram mortos dentro de caminhão-cela. Desde 2020, dados da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) do Parácoletados no dia 31 de março, contabilizavam 88 mortes de policiais, dentro e fora do serviço.

Em maio de 2022, uma onda de violência resultou em 15 atentados e ao menos 7 mortes em seis dias. Em julho de 2021, foram 6 ataques em 4 dias. Em 2019, ao menos vinte agentes foram alvo e mortos. O coronel da reserva, Robson Rodrigues, antropólogo especialista em segurança pública e pesquisador do Laboratório de Análise da Violência na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), aponta hipóteses para tentar explicar o fenômeno da migração de traficantes paraenses para o estado do Rio de Janeiro.

São elas: morosidade da justiça criminal; brechas no sistema nacional de foragidos; conexão interestadual do tráfico à sombra do Estado. Léo 41 estava foragido do Pará desde 2019. Segundo as investigações, ele assumiu a chefia da facção no estado após a prisão de Cláudio Augusto Andrade, o Claudinho do Buraco Fundo, em setembro de 2020. A mudança que ele implantou no crime organizado no PA foi uma conotação empresarial, seguindo exemplos no RJ.

Foto: divulgação