Brasil mira protagonismo global nas ‘terras raras’ em meio a disputa geopolítica por minerais estratégicos

País detém a segunda maior reserva mundial e aposta em tecnologia e investimentos para se firmar na cadeia de valor dos minérios essenciais à transição energética

Desconhecidos do grande público, mas cobiçados por potências mundiais, os minerais chamados de terras raras — grupo de 17 elementos químicos fundamentais para a indústria de alta tecnologia e transição energética — têm ganhado centralidade na geopolítica global. O Brasil, que possui a segunda maior reserva desses recursos naturais, busca transformar esse potencial em riqueza industrial, diante da supremacia chinesa no refino e na exportação desses insumos. Em meio a acordos internacionais recentes envolvendo Estados Unidos, Ucrânia e China, o governo brasileiro aposta em uma política de fortalecimento da cadeia produtiva nacional para atrair investimentos e agregar valor às exportações.

Apesar da abundância mineral, o país ainda enfrenta o desafio de dominar as tecnologias de beneficiamento e industrialização desses minérios, exportando-os majoritariamente em estado bruto. Para reverter esse quadro, o governo federal lançou iniciativas como o projeto MagBras, um fundo de R$ 1 bilhão para pesquisa mineral, e um pacote de R$ 5 bilhões voltado à transformação e implantação de plantas industriais. Especialistas defendem que o Brasil use seus ativos geológicos de forma estratégica, como já faz a China, para garantir vantagens comerciais e soberania tecnológica. Com solo rico e energia limpa disponível, o país tem condições de se tornar um protagonista global — desde que avance no domínio tecnológico e na consolidação de uma indústria nacional forte.

Foto: Reprodução EPTV