Brasil vira laboratório de novas cepas do vírus, sem controle da pandemia

O possível surgimento de uma nova variante do coronavírus em Sorocaba, no interior paulista, nesta semana acendeu o sinal de alerta entre pesquisadores. Com o descontrole da pandemia, o Brasil está se tornando um laboratório para evoluções do vírus. Para especialistas ouvidos pelo UOL, o surgimento de outras cepas, como a P1 (identificada em Manaus em janeiro), não só é possível mas também provável diante do agravamento da crise sanitária.

E o pior: sem rastreamento, o Brasil demorará para descobri-las. Segundo os pesquisadores, a equação ser feita é simples: quanto maior a circulação do vírus, maior a chance de variantes.

“As variantes surgem principalmente pela pressão de transmissão. Ou seja, quanto mais gente transmitindo, maior a probabilidade surgir um vírus mutante. É um fator determinante para a ocorrência de modificações virais”, afirma Bernardino Albuquerque, epidemiologista da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), no Amazonas.

Neste ano, a taxa de transmissão do vírus no Brasil, que havia diminuído no final de 2020, se mantém acima de 1, de acordo com a universidade Imperial College London, do Reino Unido, o que indica descontrole da pandemia no país.

Para Rafael Dhalia, pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), em Pernambuco, não só podem surgir cada vez mais variantes como é possível que elas já estejam em circulação no Brasil, mas, sem acompanhamento, não há como identificá-las.

“Essas variantes acontecem no mundo todo, são coevoluções, mas, para a gente saber, tem que sequenciar o vírus. Por aqui não temos nem ideia. Essa variante encontrada em Sorocaba já pode estar no Brasil todo e não sabemos”, afirma o membro da APC (Academia Pernambucana de Ciências).

Por UOL