Uso de cigarros eletrônicos por adolescentes preocupa especialistas no Brasil

Pesquisa da Unifesp revela que 1 em cada 9 jovens consome o produto, apesar da proibição no país

Um estudo inédito da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) alerta para o crescimento do uso de cigarros eletrônicos entre adolescentes brasileiros. A pesquisa, baseada em dados do Terceiro Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad 3), mostra que 11% dos jovens com 14 anos ou mais consomem o produto — número cinco vezes maior que o de usuários de cigarros tradicionais. Apesar da proibição no Brasil desde 2009, a facilidade de compra pela internet tem impulsionado o acesso, segundo a psiquiatra Clarice Madruga, coordenadora do estudo.

O levantamento entrevistou 16 mil pessoas em todas as regiões do país entre 2022 e 2024. Madruga destaca que os dispositivos representam riscos graves à saúde, com inalação de substâncias mais tóxicas que as do cigarro comum, incluindo nicotina em altas concentrações. “Tivemos um avanço histórico com as políticas antitabagistas, mas o cigarro eletrônico reverteu essa tendência”, afirma. Os participantes que declararam uso receberam encaminhamento para tratamento em centros especializados da Unifesp. O desafio agora, segundo os pesquisadores, é combater a disseminação desses dispositivos entre os jovens.

Foto: haiberliu/Pixabay