PARTO HUMANIZADO: MAIS QUE UM DEVER, UMA PRIORIDADE!

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Você sabe o que o parto humanizado? O conceito distorcido faz com que algumas pessoas acreditem que a expressão significa realizar um parto normal a qualquer custo. Mas não é bem assim!

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o procedimento utiliza condutas que oferecem um parto e nascimento saudável, respeitando o processo natural, sem expor a mãe e o bebê a riscos.

O conceito surgiu na década de 80, como uma resposta à violência obstétrica sofrida pelas mulheres na onda das cesarianas eletivas. (Aquelas não motivadas por urgência materna ou do bebê, mas apenas por opção da mãe ou do médico).

O Brasil é conhecido como um dos país que mais faz cesárias no mundo. No Sistema Único de Saúde, a cirurgia é realiza em 56% dos nascimentos, nos hospitais particulares a marca chega a 80%. A recomendação da OMS é que esse número não passe de 15%.

A enfermeira obstetra Francisca Cavalcante explica que há condutas úteis que devem ser utilizadas pela equipe de saúde para promover a paciente e ao bebê um parto humanizado.

“Entre eles está o plano de parto individual para cada gestante que é desenvolvido junto com a grávida, respeitar a escolha da mãe sobre o local do parto, prestar apoio empático pelos prestadores de serviço durante o trabalho de parto, respeitar a escolha da mulher quanto ao acompanhante, oferecer toda a informação necessária, entre outros procedimentos”, enfatiza.

De acordo com a pesquisa realizada pela Fundação Perseu Abramo em parceria com o Serviço Social do Comércio (SESC), 1 em cada 4 mulheres no Brasil já sofreu com algum tipo de violência obstétrica. Muitas mulheres que sofreram com essa violência não souberam identifica-la durante o trabalho de parto. Ela pode ser física e/ou psicológica, pode deixar sequelas e nos piores casos, levar a morte.

São exemplos de violência obstétrica: Ameaças, gritos, chacotas, piadas; Omissão de informações; Não permitir o acompanhante que a gestante escolher; Não receber alívio da dor; Procedimentos desnecessários, agressivos e invasivos como a cesariana; Toques vaginais repetitivos e a rotura antecipada e artificial da bolsa das águas.

“Essas práticas submetem mulheres a normas e rotinas rígidas e muitas vezes desnecessárias, que não respeitam os seus corpos e os seus ritmos naturais e as impedem de exercer seu protagonismo”, afirma a enfermeira Francisca Cavalcante. “ Não temos o direito de transformar desnecessariamente o mais singelo acontecimento da vida, o nascimento de um novo ser, numa complexa intervenção médica”, complementa.

Caso a mulher sofra violência obstétrica, ela pode denunciar no próprio estabelecimento ou secretaria municipal/estadual/distrital; nos conselhos de classe (CRM quando por parte de profissional médico, COREN quando por enfermeiro ou técnico de enfermagem) e pelo 180 ou Disque Saúde – 136.

Por Rebeca Costa, Revista Bacana