Há desmatamento em fazendas de soja fornecedoras da Bunge e Cargill, aponta ONG

Relatório da Mighty Earth, obtido com exclusividade pela Agência Pública, apontou que fazendas brasileiras que produzem soja na Amazônia e no Cerrado foram flagradas com desmatamentos recentes.

Levantam assim a suspeita de que o grão enviado para a Europa pelas principais exportadoras multinacionais, como Cargill e Bunge, possa estar contaminado com desmatamento. O estudo identificou derrubadas de áreas nativas.

Identificou também degradação que somam quase 60 mil hectares ocorridas entre setembro e dezembro de 2023 em propriedades que produziram soja na safra 2022/2023 e estão localizadas em um raio de 50 km dos armazéns dos principais exportadores de soja do país.

Além de Cargill e Bunge, a lista inclui Amaggi, ADM, Cofco, LDC e ALZ Grãos. O recorte é baseado no raio que as próprias empresas informam como área onde a soja exportada é colhida.

Demonstra potencial contaminação das cadeias de suprimentos da soja ligadas a essas companhias. O relatório “Rapid Response #2 – Soja: Monitorando o desmatamento nas cadeias brasileiras de suprimentos foi lançado nesta quinta-feira (14) durante evento sobre o Cerrado promovido em Paris pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), com apoio da Mighty Earth.

A organização indígena está promovendo uma série de encontros no continente europeu com o objetivo de incluir o Cerrado na Regulação da União Europeia Antidesmatamento. O Brasil foi responsável por cerca de 51% dos grãos de soja e de 46% do farelo de soja exportados para os cinco principais importadores do produto na Europa (Holanda, Reino Unido, França, Espanha e Alemanha) em 2022, de acordo com o levantamento.

Considerando os dois tipos de soja, foram quase 11 milhões de toneladas exportadas para os cinco países.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil