Documentário revive memórias afetivas em viagem de carro a Mosqueiro

Foto: Laís Teixeira

Com direção de Fernando Segtowick, “Praia Grande” resgata vivências familiares e homenageia a memória de um pai vítima da covid-19 em jornada até a ilha paraense

Com população de cerca de 27 mil habitantes, a bucólica ilha de Mosqueiro atrai turistas com as suas exuberantes praias de água doce, a pouco mais de uma hora do centro de Belém. Mas, para além das belezas naturais, o local carrega memórias afetivas para os paraenses. Quem nunca despertou na madrugada para viajar até a ilha durante os ensolarados finais de semana de julho?

Uma dessas histórias ganhou um documentário. Com o olhar de Fernando Segtowick, o diretor paraense convida o espectador a embarcar em uma viagem de carro até Mosqueiro e conhecer a história da família Segtowick, simbolizada na Praia Grande – uma das 15 praias de água doce da ilha, que também dá nome ao filme.

O documentário “Praia Grande” terá pré-estreia para estudantes e profissionais do curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal do Pará (UFPA), no próximo dia 9 de maio, e no dia 17 do mesmo mês para os moradores da Praia Grande, em Mosqueiro. Posteriormente, será inscrito nos festivais e mostras do Brasil e do exterior.

Aos 54 anos, Fernando Segtowick relembra Mosqueiro como uma “extensão” de sua própria casa. Nascido em Belém, ele considera a ilha um refúgio de memórias familiares, especialmente ligadas ao pai, o seu Fernando, de quem o diretor herdou o nome. Seu Fernando faleceu em junho de 2020, aos 78 anos, vítima da Covid-19, durante um dos picos da pandemia.

“Uma das melhores lembranças das noites em Mosqueiro era meu pai contando histórias de ‘visagens’ e assombrações, tão típicas do imaginário da Amazônia”, revisita o diretor.

A narrativa do filme tem início com uma viagem de carro do bairro do Guamá até a casa da família Segtowick na Praia Grande, adquirida em 1954 pelo avô de Fernando, Fausto. Ao longo do caminho, o diretor apresenta aspectos históricos e questões socioeconômicas da cidade e compartilha memórias.

“Uma das alegrias de Fausto foi comprar um grande terreno na Praia Grande. A praia já despontava como lugar importante para toda a família e assim permaneceu por décadas. A pequena choupana de madeira vivia cheia de filhos e parentes. Em frente à casa, a poucos metros de caminhada ficava a Praia Grande”, relata Fernando ao chegar em Mosqueiro.

Segundo o diretor, além de destacar a relação afetiva do paraense com o território, o documentário busca homenagear a história de Mosqueiro, que, geração após geração, segue sendo um lugar especial para milhares de famílias que moram ou frequentam a ilha todos os anos.

“Mosqueiro, para mim, foi o refúgio das férias de verão por três décadas. Lá dei meu primeiro beijo, dirigi um carro pela primeira vez e comecei a fazer registros em VHS com meus primos. Mosqueiro permanece sendo um lugar de memória e alegria – não só para mim, mas para muita gente até hoje.”

O trabalho também busca, em nome de seu Fernando, relembrar todas as vítimas da Covid-19. Até março deste ano, mais de 715 mil pessoas já morreram no Brasil em razão da doença. “O filme é uma possibilidade de, por meio da arte do cinema, me reencontrar com meu pai e relembrar a situação que a gente viveu há cinco anos com a pandemia”, finaliza.

“Praia Grande” tem patrocínio do Edital de Fomento ao Audiovisual – Lei Paulo Gustavo – Fundação Cultural do Município de Belém (Fumbel), com direção de Fernando Segtowick e produção da Marahu Filmes.

SOBRE FERNANDO SEGTOWICK
Fernando Segtowick é diretor, roteirista e produtor executivo. Dirigiu o documentário “O Reflexo do Lago”, que estreou mundialmente no festival de Berlim em 2020, o telefilme “Vatapá ou Maniçoba?”, exibido na TV Globo em janeiro de 2025, além do curta-metragem “Matinta” (2010).

EQUIPE TÉCNICA
Direção e roteiro: Fernando Segtowick
Co-direção e montagem: Lucas Domires
Direção de fotografia: Thiago Pelaes
Produção executiva: Tayana Pinheiro
Direção de produção: Mayra Assis
Assistente de direção: Lua Nepomuceno
Som direto: Lucas Coelho e Victor Kato
Still: Laís Teixeira