Covid-19: quando as vacinas 100% brasileiras ficarão prontas?

Anúncios oficiais dos governos federal e do Estado de São Paulo sobre o desenvolvimento de dois imunizantes 100% brasileiros, foram feitos na última sexta-feira, 26, dia em que o Brasil registrou novo recorde de mortes pela covid-19. Isso livraria o país das negociações internacionais e aumentaria a disponibilidade de vacinas e sua abrangência para a população local.

Tanto a Butanvac, do Instituto Butantan, como a Versamune, da Universidade de São Paulo, com apoio do Governo Federal, precisam de autorizações para início dos ensaios clínicos, fase em que a segurança e a eficácia começam a ser avaliadas em humanos.

Para as vacinas contra a covid-19 que já estão com uso aprovado no mundo, o intervalo entre o início dos ensaios clínicos e a autorização de aplicação concedida por agências reguladoras foi de, em média, 10 meses. A Versamune, desenvolvida pela Universidade de São Paulo em parceria com a empresa de biotecnologia Farmacore, precisará de ao menos nove meses para ficar pronta.

A presidente da Farmacore, Helena Faccioli explica que “As fases 1 e 2 terão 360 voluntários e devem durar de 3 a 4 meses. Se somarmos o tempo necessário para a fase 3, a gente prevê que todo o estudo clínico demore de 9 a 12 meses” adianta. Já o governo de São Paulo garante que a Butanvac estaria pronta para a aprovação ainda em julho deste ano, o que despertou a desconfiança de especialistas.

Para eles, o prazo é irreal devido ao tempo necessário para realização das etapas para a pesquisa. “Os ensaios clínicos realizados para as vacinas que já foram aprovadas nos mostram que não é possível fixar uma data, especialmente para os resultados da fase 3. As pessoas precisam ser acompanhadas, ter contato com o vírus para que surjam as evidências de que a fórmula funciona”, afirma a presidente do Instituto Questão de Ciência, Nathália Pasternack.