Coordenadoria de Diversidade Sexual promove casamento comunitário LGBTQIA+ em Mosqueiro

Foto: Divulgação

A Coordenadoria de Diversidade Sexual (CDS) da Prefeitura de Belém e o projeto Márcia Guimarães estão com inscrições abertas até o próximo dia 12 de novembro, para o primeiro casamento comunitário destinado a 20 casais do grupo LGBTQIA+.  

Os interessados podem se inscrever, gratuitamente, na sede da CDS, localizada no Mercado de Carnes Francisco Bolonha, no Ver-o-Peso, em frente ao Solar da Beira.

A cerimônia está marcada para o dia 11 de dezembro, no Distrito de Mosqueiro, na praia do Farol, às 17 horas. “O nosso objetivo é possibilitar que casais LGBTs tenham acesso ao casamento civil, por ser uma forma de resistência, já que estamos vivendo diversos retrocessos em relação à pauta do combate a lgbtfobia”, enfatiza a coordenadora da CDS, Jane Patrícia.

Ela lembra que a união homoafetiva é assegurada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) desde 2013. Jane comenta, também, que a parceria com o projeto Márcia Guimarães surgiu para que haja a realização do casamento, o que, enfatiza ela, “está tendo muita procura de casais, sobretudo, para terem mais informações sobre o próprio projeto”. 

Para a coordenadora da CDS, é importante lutar por todos os direitos garantidos aos LGBTs, considerando que diariamente são violados. Só para se ter uma ideia, dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social do Pará (Segup) apontam que, de janeiro a maio deste ano, foram registrados 47 casos de homofobia e quatro homicídios. 

Os números da Segup revelam ainda que, em 2020, 71 pessoas sofreram casos de homofobia em Belém, com nove homicídios registrados. É importante lembrar que, desde o ano de 2019, é considerado crime a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero no país.

Por conta disso, é necessário ficar atento a qualquer manifestação de homofobia. Por isso a orientação é quando alguém presenciar esse tipo de violação de direitos humanos, denuncie.

A CDS recebe denúncias de casos de violência pelo número (91) 3212-3626 e orienta também registrá-la no site da Delegacia de Combate aos Crimes Discriminatórios. 

Para o casal Josué Mendes Santos, 29 anos, e Enderson Ferreira Seabra, 42 anos, participar do casamento comunitário representa a luta do povo LGBTQIA+ por direto, respeito e igualdade. “Queremos ser respeitados e poder andar na rua sem discriminação e preconceito. A nossa expectativa é continuar construindo nossos sonhos e objetivos, apesar de nós já termos conquistado alguns”, afirma Josué. 

Ele conta a sua história e como encontrou Enderson. “Nos conhecemos em agosto de 2011, na época tivemos apenas um ‘fica’ – como falámos naquele tempo”, ri. “Depois desse fato, cada um seguiu seu rumo, sempre nos encontrávamos por acaso, algo do destino, em shoppings. Nós aproveitávamos e conversávamos muito, colocando os papos em dia. Éramos doido para falar que queríamos algo a mais, mas nenhum dos dois tinha coragem de falar”. 

“Os anos se passaram, ele teve um relacionamento com outra pessoa e eu também tive, aí perdemos o contato por alguns anos. Em janeiro de 2017 acabei me separando de um relacionamento abusivo, e ele estava em crise também, terminando o relacionamento”.

Josué  cconta que Enderson o procurou, depois de meses, por meio de uma rede social. “Passamos a conversar e confesso que enrolei ele até onde pude, estava num momento que não queria me relacionar com ninguém e ele foi muito insistente. Até que, um belo dia, não consegui mais enrolar ele. Aí, tivemos que marcar um encontro, e desse encontro não nos largamos mais. Somos gratos a Deus e aos nossos orixás, pois conseguimos preencher um vazio que estava dentro de nós.  Apesar de tudo nos amamos muito e somos também muito família”.

Por Débora Lopes, Agência Belém