Dois brasileiros que foram vítimas de tráfico humano eram forçados a trabalhar até 17 horas diárias em um cativeiro em Mianmar, aplicando golpes online que prometiam ganhos com criptomoedas. O caso ganhou destaque na mídia brasileira depois que a dupla conseguiu escapar e descreveu como era a rotina no sistema de escravidão ao qual estavam sujeitos.
De acordo com uma matéria publicada pelo jornal O Globo, Luckas Viana dos Santos, de 31 anos, e Phelipe de Moura Ferreira, 26, são paulistanos e obtiveram propostas de trabalho através das redes sociais. A oferta era para um emprego na Tailândia, com um bom salário e as despesas de viagem cobertas pela suposta companhia.
A passagem aérea foi expedida e os brasileiros visitaram a Ásia no ano anterior. Ao chegarem ao aeroporto de Bangkok, uma equipe os aguardava e foi então que o terror começou. Os passaportes dos brasileiros foram retidos e os brasileiros foram conduzidos por mais de seis horas, até alcançarem Myanmar.
Foram levados para um lugar conhecido como KK Park, um complexo onde centenas de indivíduos são escravizados e forçados a passar o dia aplicando golpes online. A máfia chinesa controla as pessoas, o local e o dinheiro.
Os brasileiros foram submetidos a meses de tortura física e psicológica, sendo obrigados a aplicar golpes o dia todo e sob o risco de ficarem sem comida ou sofrerem castigos se não alcançassem as metas de arrecadação através de fraudes online. Um dos métodos mais comuns para aplicar golpes era estabelecer contato com a vítima e prometer retornos elevados provenientes de investimentos em criptomoedas.
Outro golpe conhecido como “golpe do amor” acontecia quando se simulava um relacionamento amoroso na internet e, eventualmente, a vítima recebia solicitações de pagamento. Também se apresentavam como celebridades, como atores ou atletas, e persuadiam a vítima a realizar supostas contribuições.
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