Com mais de 40 casos no Amazonas, saiba o que é a “doença da urina preta”

Uma série de pacientes de Manaus foram diagnosticados com rabdomiólise, desde o dia 22 se agosto, uma síndrome que envolve a degradação do tecido muscular esquelético – responsável pela locomoção e demais movimentos do corpo.  Até a última segunda-feira (30), haviam sido notificados 44 casos, 34 deles na cidade de Itacoatiara, a 176 quilômetros de Manaus.

Os outros registros ocorreram em Silves, Manaus, Parintins, Caapiranga e Autazes. O problema parece estar associado à doença de Haff, popularmente conhecida como doença da urina preta, que teve seu primeiro surto registrado em 1924.  Os primeiros casos, que incluíam a rigidez muscular dos pacientes acompanhada de urina escura, ocorreram na região litorânea de Königsberg Haff, junto à costa do Mar Báltico.

Nos nove anos que seguiram o episódio, ocorreram outros pequenos surtos, afetando cerca de mil indivíduos. Percebeu-se um padrão: a doença ocorria de forma sazonal, no verão e no outono, e surgia sempre após a pessoa ingerir peixes ou crustáceos.  Os enfermos não apresentam febre após o consumo dos pescados, mas têm dores de cabeça, dores musculares intensas e escurecimento da urina, que ficava de uma cor similar a do café. 

Os enfermos não apresentam febre após o consumo dos pescados, mas têm dores de cabeça, dores musculares intensas e escurecimento da urina, que ficava de uma cor similar a do café.  Esse ponto levou os cientistas a suspeitarem que a doença estava sendo causada por uma toxina presente nos pescados, a qual nunca foi identificada. Essa toxina não tem cheiro, não interfere na coloração do produto e, o pior de tudo, não parece ser eliminada após o cozimento. 

Pacientes infectados de Manaus relataram ter consumido pirarucu, tambaqui, pacu e pirapitinga. Os cientistas não sabem dizer como o pescado adquire a toxina, mas suspeitam que seu surgimento esteja ligado a mudanças no ecossistema, desde a presença de toxinas de cianobactérias, que chegam ao peixe pela cadeia alimentar, até a existência de metais pesados nos rios e lagos.  Mesmo assim, as autoridades do Amazonas não recomendam que o peixe seja excluído das refeições.

Foto:  Marcelo Camargo/Agência Brasil