Café encarece 81% para consumidor, mas preços já recuam no campo

Queda de 17% nas cotações ao produtor desde fevereiro deve chegar aos supermercados apenas no segundo semestre, de forma gradual

O preço do café moído acumula alta de 81,6% em 12 meses e foi o segundo item que mais pressionou a inflação em junho (2,86%), atrás apenas da energia elétrica, segundo o IPCA-15. No entanto, as cotações ao produtor já apresentam queda de 17% desde fevereiro, quando atingiram recorde histórico, impulsionadas pelo início da colheita no Brasil e pela expectativa de recuperação da produção no Vietnã e Indonésia. Especialistas projetam que o alívio nos preços ao consumidor começará a ser sentido no segundo semestre, mas de forma lenta, com efeitos mais significativos apenas em 2026.

A disparada inicial foi causada por estoques baixos após exportações recordes de 50 milhões de sacas em 2024, agravada por conflitos no Oriente Médio que desviaram compras europeias para o Brasil. Enquanto a safra de robusta avança 28%, a de arábica – mais consumida no país – recua 6,6% devido a secas. “O processo desde a colheita até as gôndolas leva de 60 a 90 dias”, explica Carlos Cogo, da Cogo Inteligência em Agronegócio, destacando que a indústria ainda trabalha com grãos comprados a preços elevados.

Foto: Marcello Casal jr/Agência Brasil