Relatório sugere cortes em gastos sociais, reforma da previdência e taxação de combustíveis fósseis para gerar superávit de 3% do PIB
O Banco Mundial apresentou nesta quinta-feira (26) um plano de ajuste fiscal que combina medidas impopulares para reduzir o endividamento brasileiro, incluindo a desvinculação de gastos obrigatórios em saúde e educação, reforma administrativa com corte de até 20% nos salários iniciais de servidores e nova taxação de lucros e dividendos. O estudo “Dois por Um” estima que as medidas poderiam gerar uma economia de mais de 5% do PIB, revertendo o déficit de 0,4% registrado em 2024 e elevando o superávit para patamares acima de 3%. A proposta também inclui um ambicioso plano ambiental com taxação pesada de combustíveis (R$ 2,16/litro de gasolina) e sistema de comércio de emissões para indústrias.
Entre as medidas mais polêmicas estão a desvinculação de benefícios sociais do salário mínimo, que reduziria progressivamente o valor real de aposentadorias, e a reformulação do Bolsa Família para evitar fraudes. O relatório reconhece a resistência política histórica a essas propostas, mas argumenta que são necessárias para conter a dívida bruta (78% do PIB) e aproveitar o potencial ambiental do Brasil – sétimo maior emissor global de CO₂. O pacote chega em momento sensível, quando o governo busca alternativas após a derrota no aumento do IOF, e deve acirrar debates sobre prioridades fiscais e sociais no Congresso.
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