Amputados por armas e explosivos no Brasil são maiores do que o Exército dos EUA em 16 anos de guerras

A violência armada pelo Brasil amputou pelo menos 2.044 pessoas em todo o país nos últimos 15 anos, revela a série de reportagens “Mutilados”, publicada a partir deste domingo pelo GLOBO. Os dados foram extraídos da análise das autorizações de internações hospitalares (AIHs) do Ministério da Saúde.

E apontam que a tragédia das mutilações no país supera, num intervalo de tempo parecido, a de militares das Forças Armadas dos Estados Unidos que sofreram amputações de membros superiores ou inferiores devido a lesões em combate.

De janeiro de 2001 a outubro de 2017, tempo de guerras como a do Iraque e a do Afeganistão, esse foi o drama de 1.705 soldados americanos, indica um estudo publicado pela Divisão de Vigilância em Saúde das Forças Armadas dos EUA.

No Brasil, o Estado da Bahia — que na última década costuma liderar o ranking de mortes violentas intencionais no país — também é o que tem mais amputações registradas no sistema do Ministério da Saúde, com 244 casos.

O Rio de Janeiro, estado com territórios controlados por traficantes e milicianos, vem logo em seguida, com 202. Já o Pará, marcado por disputas por terra no interior e violência nas cidades, é o terceiro da lista, com 198 registros. E São Paulo, o estado mais populoso do Brasil, é o quarto, com 196. A análise feita pelo GLOBO a partir de dados obtidos via Lei de Acesso à Informação indicam ainda que, no país, a média de idade das pessoas afetadas é de 33 anos.

Mas as mutilações atingem todas as gerações. Jovens de 20 a 29 anos representam quase um terço dos afetados nesse período. As crianças de 0 a 11 anos representam 3% das vítimas e os adolescentes, de 12 a 17 anos, 11% do total. Na outra ponta da pirâmide etária, 8,5% são idosos, com mais de 60 anos.

Foto: Agência Brasil