Pesquisa britânica mostra que fenômeno causado pelo excesso de CO₂ já compromete 60% das águas superficiais e ameaça ecossistemas marinhos
Um estudo do Laboratório Marinho de Plymouth (Reino Unido) publicado nesta segunda-feira (9) revela que a acidificação dos oceanos ultrapassou o limite de segurança planetário em 2020, tornando-se o sétimo dos nove limites ecológicos globais a ser violado. A pesquisa, que analisou dados de 150 anos, mostra que 60% das águas oceânicas até 200 metros de profundidade já estão comprometidas, com impactos diretos em corais, moluscos e outras espécies marinhas que dependem de estruturas calcárias. O fenômeno é resultado da absorção excessiva de dióxido de carbono (CO₂) pela água do mar, que reduz o pH e diminui a concentração de carbonato de cálcio – elemento vital para a vida marinha.
O Brasil, que sediará a COP30 em Belém no próximo ano, tem papel estratégico no enfrentamento dessa crise. “Precisamos conectar urgentemente as discussões sobre oceano e clima”, alerta Alexander Turra, especialista da USP. A pesquisa estabelece um novo parâmetro crítico: quando a concentração de carbonato de cálcio cai 10% abaixo dos níveis pré-industriais, ecossistemas inteiros ficam ameaçados. Atualmente, recifes de coral tropicais já perderam 43% de seu habitat adequado, enquanto moluscos costeiros sofrem redução de 13% em suas áreas viáveis. Os cientistas reforçam que limitar o aquecimento global a 1,5°C, como previsto no Acordo de Paris, é crucial para evitar colapsos irreversíveis nos oceanos.
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil