Acidentes Vasculares Cerebrais são a segunda causa de morte no Brasil

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Segundo o Ministério de Saúde, cerca de 100 mil pessoas perdem a vida por causa do AVC.

Cuidado, pois sintomas como fraqueza ou formigamento; confusão mental; alterações na fala, visão e equilíbrio; além de dor de cabeça súbita e intensa, podem estar relacionadas a manifestações do AVC. O Acidente Vascular Cerebral é a segunda causa de morte no Brasil. De janeiro a outubro, mais 78 mil pacientes vieram a óbito, segundo levantamento feito pela Sociedade Brasileira de Cardiologia. Uma alerta para a população, xxxx De acordo dados do Ministério de Saúde, cerca de 100 mil pessoas perdem a vida por causa da doença.

Considerado silencioso, o AVC pode deixar sequelas ou ser fatal. A Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares, pontua que cerca de 70% dos casos, as pessoas afetadas não conseguem ter condições de retomar as atividades profissionais e que metade dos pacientes perdem autonomia e acabam precisando de cuidadores para realizarem tarefas diárias.

Para informar aos leitores da revista Bacana e alertar sobre os cuidados com o AVC, conversamos com a neurologista do Hapvida, Doutora Kristel Back. Confira os trechos da entrevista:

Revista Bacana: O que causa o AVC?

Dra. Kristel Back: O Acidente Vascular Cerebral pode ocorrer de duas maneiras: a primeira é o AVC isquêmico, que é o mais comum. Cerca de 80% de todos os AVCs acontecem porque tem uma interrupção do fluxo sanguíneo ou um bloqueio, seja por um coágulo que viajou do corpo e acabou parando no cérebro ou por acontecer o entupimento na própria artéria do cérebro. Já a segunda é o AVC hemorrágico, que é quando extravasa sangue. Ele acontece por um rompimento de uma artéria cerebral, que pode ser por várias causas, dentre elas: aneurisma e má formações da artéria venosas.

RB: Quais são os principais sintomas do AVC?

Dra. K.B: Os sinais de um AVC podem variar muito dependendo da área que for acometida do cérebro e da extensão. Os sintomas mais comuns são: a alteração de força, geralmente de um lado do corpo e pode vir acompanhado com alterações de sensibilidade, como amortecimento e formigamento. Outro sintoma muito comum é a alteração da fala, tanto na dificuldade para falar, como se tivesse com a língua enrolada ou com dificuldade para produzir a palavra. Também alteração da simetria da face, quando acontece por exemplo, o famoso entortar a boca, um lado do rosto ficar diferente do outro. Os AVCs isquêmicos na maioria dos casos não causam dor de cabeça, enquanto os AVCs hemorrágicos é muito comum os sintomas virem acompanhado com uma forte dor de cabeça. Inclusive, os pacientes podem até sentir sonolência e ter um rebaixamento do nível de consciência.

RB: Se encontrar qualquer sinal de alerta de AVC, o que fazer?

Dra. K.B: Assim que você suspeita que está tendo AVC ou está com alguém que suspeita que está com sintomas de AVC, você deve procurar imediatamente um pronto-socorro. Não se deve administrar nenhum tipo de medicação, seja para baixar pressão ou para afinar o sangue antes de uma avaliação médica, isso é muito importante. Existe alguns tratamentos para o AVC agudo, por isso é muito importante, assim que tiver um sinal ir direto pro pronto socorro mais próximo pra ser avaliado por um médico.

RB: Existe alguma forma de prevenir o AVC?

Dra. K.B: Se estima que 80% a 90% dos AVCs podem ser prevenidos. E isso é feito com medidas básicas como cuidar da alimentação, ter cuidado com o excesso de sódio, de comidas processadas ou de açúcar para evitar diabetes, hipertensão arterial, cessar o tabagismo, bebida alcoólica com moderação, praticar atividade física e manter um acompanhamento médico regular com exames de sangue e aferição da pressão.

R.B: Pessoas com familiares próximos que tiveram AVC podem apresentar maior risco de desenvolver a doença?

Dra. K.B: Uma pessoa que tem um familiar que teve AVC pode sim ter um risco maior, é muito importante a gente saber a causa e o tipo de AVC que teve esse familiar, por exemplo, se foi por causa de uma aneurisma, se foi por alguma doença do coração ou mesmo por causa de hipertensão e diabetes. Mas é muito importante que essa pessoa redobre o cuidado e procure um atendimento, um especialista pra avaliar os seus fatores de risco e se possível tratá-los.

RB: Quais são as consequências mais imediatas do AVC?

Dra. K.B: As consequências mais imediatas de um AVC dependem muito da extensão e da localização desse AVC. Quando o AVC é isquêmico, geralmente o paciente fica com algumas sequelas, principalmente na mobilidade. Então vai ficar com dificuldade para poder caminhar sozinho, para poder manusear, fazer as suas tarefas do dia a dia sozinho e vai precisar de ajuda. Com o tempo, com fisioterapia e com reabilitação, é muito provável que esse paciente melhore, inclusive seja inserido novamente na sociedade. O AVC hemorrágico, na grande maioria das vezes, costuma ser mais grave, há exceções, mas muitas vezes os os AVCs hemorrágicos deixam o paciente mais grave, geralmente precisando ficar mais tempo na unidade de terapia intensiva e, muitas vezes, precisam, inclusive, fazer alguma cirurgia da cabeça.

RB: Sabemos que o AVC é a segunda causa de morte no país. Por que o número de casos são tão altos?

Dra. K.B: O AVC é uma das principais causas de morte do Brasil por alguns motivos, primeiro porque a população em geral não tem tanto acesso a saúde primária. O mais importante pra prevenir um AVC são os cuidados básicos de beber, de cuidar do peso, de praticar atividade física e de ter uma boa alimentação. Outra causa também é que o AVC não é reconhecido. Se uma doença não é reconhecida, ela não consegue ser adequadamente tratada. Então os pacientes que poderiam tratar o AVC de forma mais rápida, não o trato, tanto por desconhecimento da própria população em geral, quanto não saber o que fazer frente a um AVC, como ir ao hospital. E muitos hospitais do Brasil ainda não possuem tratamentos específico para o AVC, ficando mais concentrado em grandes metrópoles.

Por Beatriz Manarte, Revista Bacana