Société alerta que Dólar se aproxima de patamar que pode levá-lo a R$ 5,88

Superando 5,68 reais no pior momento do dia e oscilando mais de 11 centavos de real na sessão, com investidores temerosos sobre o rumo da política fiscal caso o Orçamento seja sancionado sem vetos, o dólar teve forte alta na sexta-feira, 09. O dólar spot (à vista) subiu 1,80%, para 5,6748 reais. A moeda variou de 5,5700 reais (-0,08%) a 5,6853 reais (+1,99%).

Operadores do mercado comentaram sobre notícias de que pareceres da Câmara e do Senado recomendariam a sanção sem vetos do Orçamento e que, entre as opções para recompor as despesas obrigatórias, seria possível recorrer a um projeto de lei ou um decreto. O mercado teme uma maquiagem fiscal, o que poderia colocar em xeque o teto de gastos — e, por tabela, a permanência no cargo de Paulo Guedes, ministro da Economia, que já vem acumulando reveses em temas fiscais.

O conflito em torno do Orçamento agora acontece em meio a ruídos tanto do governo quanto dos parlamentares em relação ao STF (Supremo Tribunal Federal), cujo ministro Luís Roberto Barroso na véspera determinou a abertura de uma CPI no Senado para investigar a gestão do combate à pandemia de Covid-19 no Brasil. “Agora pode sair qualquer coisa no fim de semana”, disse Luis Laudisio, operador da Renascença, referindo-se à postura mais defensiva dos agentes que gerou nesta sessão fortes movimentos nos mercados de câmbio e de juros.

As taxas de DI chegaram ao fim da tarde em rali de mais de 15 pontos-base (ou seja, de mais de 0,15 ponto percentual). No câmbio, o real de longe teve o pior desempenho no mundo, em dia marcado por fortalecimento global da divisa americana, mas em magnitude bem mais moderada lá fora do que aqui.

O Banco Central, apesar disso, evitou anunciar operações de venda de moeda. Autoridades do BC, incluindo o presidente Roberto Campos Neto, voltaram a tratar do câmbio nesta sexta, afirmando que o BC monitora os efeitos da desvalorização cambial sobre a inflação, mas sem realizar atuações no mercado com objetivo de amenizar pressão sobre os preços. Campos Neto chegou a afirmar que o dado do IPCA de março divulgado nesta sexta-feira corrobora a perspectiva de nova alta de 0,75 ponto percentual na taxa Selic na reunião de maio.