Alta da taxa Selic e incertezas econômicas contribuem para o movimento de resgates, que já soma R$ 52,1 bilhões no acumulado do ano
No mês de abril, o saldo da caderneta de poupança brasileira apresentou uma queda de R$ 6,4 bilhões, com mais saques do que depósitos, segundo dados divulgados pelo Banco Central. Apesar de terem sido aplicados R$ 349,6 bilhões na poupança, os saques totalizaram R$ 356 bilhões, e os rendimentos creditados nas contas somaram R$ 6,5 bilhões. Este é o quarto mês consecutivo de resultado negativo na poupança, que acumula uma saída líquida de R$ 52,1 bilhões desde julho de 2023, com exceção de dezembro de 2024, quando houve um depósito líquido de R$ 5 bilhões. A tendência de resgates supera os depósitos há quase um ano, refletindo o impacto de fatores como a alta da taxa básica de juros, a Selic, que atualmente está em 14,75% ao ano, após a sexta elevação consecutiva pelo Comitê de Política Monetária (Copom).
A manutenção da Selic em patamar elevado tem estimulado a preferência por investimentos com melhor desempenho, contribuindo para a saída de recursos da poupança. Além disso, o cenário de incertezas econômicas globais, aumento nos preços de alimentos e energia, e o ciclo de aperto monetário reforçam essa tendência de resgates. O Copom não revelou planos específicos para a próxima reunião, marcada para junho, mas afirmou que o clima de incerteza permanece alto e que a política monetária deve permanecer prudente. Para o mercado financeiro, a expectativa é de que a Selic se mantenha em 14,75% ao ano até o final de 2025, influenciando o comportamento dos investidores e o fluxo de recursos na economia brasileira.
Foto: José Cruz/Agência Brasil/Arquivo