De acordo com o Boletim Econômico Mineral do Pará, do 1º semestre de 2020, divulgado pelo Sindicato das Indústrias Minerais do Pará (Simineral), o Pará ficou em 1° lugar no ranking nacional das exportações de minério do Brasil. O Pará é referência na extração de minérios como ferro, bauxita, cobre, caulim, mas também se tornou grande produtor de manganês, níquel, calcário, ouro e outros minérios de uso na construção civil.
A economia paraense teve um avanço apesar do cenário de pandemia ainda muito presente nos mais diversos setores econômicos do Estado. De todos eles, o mineral foi o menos afetado. Logo no início da pandemia, a mineração foi tida como um setor não essencial, reagindo logo depois fazendo com que o governo considerasse a atividade como essencial, impedindo portanto, que a produção paralizasse.
Doutor em Mineralogia e Geoquímica e professor da Universidade Federal do Pará (UFPA), Marcondes Lima explica que mesmo com a pandemia e a consequente redução na produção de minério em todo o Estado, os preços das commodities e a valorização do dólar frente ao real foram dois dos principais motivos que levaram o Pará ao topo do ranking nacional.
“Os preços das commodities minerais aumentaram, principalmente no caso do Brasil, o ferro já está em quase U$200 a tonelada, esse é um valor quase 100% maior do que tínhamos anteriormente. A produção de minério de ferro no Brasil não aumentou muito, mas os preços das commodities aumentaram quase 100%. Esse foi o primeiro grande passo que se deu, além da desvalorização do real. Isso significa que nós estamos vivendo uma conjectura favorável dos preços das commodities e não um investimento mineral maior em um ano de pandemia”, explica o doutor.
A Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM), no Brasil, chegou a arrecadação de 49%, nessas duas localidades, no primeiro semestre de 2020, o equivalente a mais de R$1 bilhão.
Evaldo Pinto, Geólogo e professor da Faculdade de Geologia da UFPA, explica que “esses [municípios] são os dois grandes produtores da Vale do Rio Doce. O minério de ferro hoje é dominado pela Vale e são as duas grandes fontes de fornecimento da empresa aqui no Setor Norte. Esse valor de produção também se relaciona com o valor do royalty. Esses dois municípios no ano passado, em apenas seis meses, Parauapebas arrecadou em royalty, R$478 milhões, e Canaã, R$388 milhões. Apenas essas duas cidades responderam por mais de 50% da CFEM recolhida em todo o Brasil. São números muito relevantes. O quantitativo mensal para Parauapebas é de quase R$80 milhões de recolhimento apenas da CFEM, e em Canaã, R$65 milhões”, relata.
Foto: Portal Brasil.gov.br / Ricardo Teles