Moïse Kabagambe: manifestantes fazem ato em Belém pedindo justiça após assassinato de congolês no Rio

Foto: Instagram/Vivi Reis

Manifestantes fizeram um ato neste domingo, em Belém (6), pedindo justiça para os responsáveis pelo assassinato do congolês Moïse Kabagambe, de 24 anos, morto a pauladas no quiosque Tropicália, na praia da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.

O ato reuniu diversos membros de grupos como a Associação de Estudante Estrangeiros (AEE) da Universidade Federal do Pará (UFPA) e do Centro de Estudo e Defesa do Negro no Pará (Cedenpa). A manifestação se soma a outras realizadas pelo Brasil, como Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro, que exigem a prisão dos envolvidos no crime e o combate ao racismo e à xenofobia.

Moïse e sua família vieram para o Brasil em 2014, fugindo da guerra e da fome do Congo, seu país de origem. Segundo as investigações, Moïse foi atacado quando se dirigiu ao quiosque para cobrar o pagamento por serviços prestados. “Amarram ele junto com as pernas e mãos. A polícia veio depois de 20 ou 40 minutos”, disse o irmão da vítima, Djodjo Baraka Kabagambe.

Em nota pública, a Casa Brasil África, da UFPA, se pronunciou sobre o assassinato. “Trouxeram-nos da África à força. Os patrões pediam mais e mais pessoas para explorar, espancar, humilhar, matar de exaustão. Os tempos passam, a escravidão acabou, mas não a mentalidade escravista.

Milhões de pessoas, de todos os continentes, migram com objetivos semelhantes, mas os africanos recebem em ocasiões, nos países que enriqueceram com o tráfico escravagista, um tratamento diferenciado cruel, xenófobo. É a xenofobia racista.

Moïse Kabagambe foi a vítima mais recente no Brasil, onde pessoas do povo atuam como na época colonial: pensam eu o africano não deve receber salário, não pode reclamar nem exigir direitos, precisa ser castigado cruelmente. Batem nele sem compaixão, como se fazia com os escravizados rebeldes”.

Morto com mais de 30 pauladas

O congolês foi vítima de uma sequência de agressões, segundo a família, após ter cobrado dois dias de pagamento atrasado no quiosque. O corpo dele achado amarrado em uma escada.

Para a polícia, entretanto, a confusão e, em seguida, o espancamento não aconteceram por conta da suposta dívida. A motivação do crime ainda é investigada por policiais da Delegacia de Homicídios da Capital.

Atualmente, três agressores flagrados pelas imagens de uma câmera de segurança do quiosque estão presos pelo crime. A polícia, a princípio, os indiciou por homicídio duplamente qualificado.

Uma testemunha que viu o espancamento de Moïse contou que os agressores disseram para ela não olhar porque o homem que estava apanhando com um porrete de madeira era um assaltante.

Ela disse ainda que os autores mentiram para os socorristas, afirmando que o corpo já estava no local do crime.

Por G1 Pará