Melhor resultado mensal em 13 meses contrasta com cenário de cautela, impulsionado por crédito mais acessível e freado por juros altos
A intenção de consumo das famílias brasileiras registrou crescimento de 0,5% em junho, ajustado para efeitos sazonais – o melhor desempenho mensal desde maio de 2024. No entanto, na comparação anual, o indicador da Confederação Nacional do Comércio (CNC) mostra recuo de 1,3%, revelando um consumidor ainda cauteloso. O acesso ao crédito foi o destaque positivo, com alta de 2,5% – quinto aumento consecutivo -, atingindo o melhor patamar desde abril de 2020, com 32,6% dos entrevistados percebendo maior facilidade para empréstimos.
O cenário apresenta contradições: enquanto o crédito se expande, a alta dos juros (Selic) pesa nas decisões, especialmente para bens duráveis, cuja percepção de momento favorável para compras despencou 7% em 12 meses. “Há uma busca por equilíbrio entre o desejo de consumir e a preservação do orçamento”, analisa José Roberto Tadros, presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac. No mercado de trabalho, a perspectiva profissional melhorou (0,5% mensal e 1,7% anual), mas o emprego atual ainda recua (-0,1% no mês e -1,8% no ano). As mulheres mostraram maior otimismo no crédito (+3,4%) que os homens (+1,5%), embora ambos tenham melhorado suas expectativas profissionais.
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil