Empresa diz que remédio teve 100% de eficácia contra covid em testes

A empresa de biotecnologia israelense Bonus BioGroup disse ter tido 100% de sucesso na recuperação de pacientes graves internados com covid-19 que receberam seu medicamento, chamado de MesenCure. Segundo o grupo, 10 pessoas que desenvolveram a versão grave da doença deixaram o hospital, em média, um dia depois de iniciarem o tratamento com o remédio. Os resultados preliminares do ensaio clínico de fase I/II foram apresentados na última semana em uma conferência internacional em Nova Orleans, nos Estados Unidos.

O CEO e diretor da empresa, Shai Meretzki, disse ao jornal Jerusalem Post que sua equipe está trabalhando na publicação desses resultados em um jornal especializado, para ser revisado por pares. O MesenCure usa células estromais mesenquimais (MSCs) isoladas do tecido adiposo de doadores saudáveis. Essas células são capazes de reduzir inflamações e aliviar sintomas respiratórios em pacientes infectados com o Sars-CoV-2, coronavírus responsável pela covid-19.

Meretzki explicou que muitas das mortes de pacientes com covid-19 são em decorrência do aumento na produção de moléculas inflamatórias, que resultam na chamada “tempestade de citocinas”. Esse fenômeno é uma resposta imunológica excessiva do organismo humano e pode causar, entre outras coisas, a falência múltipla de órgãos. As células estromais mesenquimal presentes no MesenCure atuariam para neutralizar essa “tempestade de citocinas”.

O medicamento pode ainda ser usado em outros tipos de doenças que resultam em inflamações semelhantes. “Até agora, os resultados do tratamento com o medicamento MesenCure são extremamente impressionantes”, disse Shadi Hamoud, principal investigador do ensaio clínico e vice-diretor do Departamento de Medicina Interna do Rambam Health Care Campus, em Haifa, onde os testes estão sendo feitos.

Segundo ele, os 10 pacientes que receberam o medicamento têm entre 45 e 75 anos, a maioria (90%) tinha comorbidades e todos estavam internados com sintomas graves da doença. Os pesquisadores acompanharam os pacientes por 30 dias depois do início do tratamento. Um deles morreu, mas não em decorrência da covid-19. Segundo o CEO da empresa, esse paciente tinha uma doença grave preexistente.

Foto:  Reuters/Koki Kataoka/Agência Brasil