Editorial: somos todos 500 mil

Duvido.

Que alguém ainda não sentiu medo.

Que alguém ainda não sentiu raiva.

Que alguém ainda não sentiu compaixão.

Não sentiu insegurança.

Alguns choraram, outros até se desesperaram.

Muitos foram parar no médico, com o psicológico em frangalhos.

Certamente os próximos aos 500 mil, esses choraram.

Que número é esse?!

A pandemia veio para mexer com os sentimentos de todos, índios, orientais, ocidentais, negros brancos, homens e mulheres.

Veio para assegurar nossa insignificância, nossa fragilidade.

Uma avalanche, um vendaval, um tsunami que a cada notícia nos deixava mais apreensivos, amedrontados.

Ainda nos deixa.

500 mil pessoas se foram.

Histórias interrompidas antes do tempo, tantos sonhos jamais realizados, tantas famílias desfeitas, alquebradas.

Não é apenas um número. Um enorme número.

Ainda mais para aqueles que perderam um ou mais entes queridos no meio desse mar de 500 mil mortes.

Como disse o poeta; tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu.

Hoje todos somos um pouco os 500 mil brasileiros que se foram.

Foto: divulgação