Ecoansiedade na Amazônia: o medo climático que paralisa gerações

Pesquisa revela que 39% dos jovens brasileiros hesitam em ter filhos devido à crise ambiental; na região Norte, fenômenos extremos agravam angústias cotidianas

A Amazônia vive um paradoxo: enquanto sua biodiversidade é celebrada globalmente, seus habitantes enfrentam uma crescente ansiedade climática. Dados da revista The Lancet Planetary Health mostram que 39% dos jovens brasileiros reconsideram a paternidade por medo do colapso ambiental — percentual que ressoa com força em estados como Pará e Rondônia, onde secas históricas, queimadas e enchentes já alteram modos de vida. Em Belém, projetada como a 2ª cidade mais quente do mundo até 2070, comunidades ribeirinhas como a Ilha do Combu sofrerão com erosões aceleradas e um futuro incerto.

Especialistas apontam que a crise vai além do clima: “Quando o planeta adoece, as pessoas adoecem juntas”, afirma o psicólogo Robert Rodrigues, da Wyden. Ele descreve um cenário de “luto ecológico” e “solastalgia” — a dor de ver o território se transformar irreversivelmente. Enquanto isso, 77% dos brasileiros nunca se prepararam para desastres naturais, segundo pesquisa Nexus. Alternativas emergem de iniciativas como brigadas comunitárias contra queimadas e agroflorestas, mostrando que o enfrentamento à ecoansiedade passa pelo fortalecimento de saberes tradicionais e ação coletiva.

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