Crônica: Ô tempos chatos

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Tempos estranhão esse, chatíssimos.
Esse negócio de pandemia fez aparecer um bando de mané que virou blogueiro e não sabe rimar lé com cré.
Também deu espaço pra um bando de idiotas fanáticos que acham que colocar uma bandeira do Brasil no ombro é o supra sumo do patriotismo. Mulheres postando as virtudes da fé, pela família, enquanto tratam as suas domésticas quase igual antes da lei Áurea.
Homens que pregam a tal moral mas nos seus perfis do Facebook o que mais tem são mocinhas desnudas como “amigas”.
Xiitas amantes de invasões de terras alheias.
Um papo doido sobre o BBB e suas virtudes que nem paciência para descobrir se elas existem, eu tenho.
No rádio aquela porcaria barulhenta que hoje se chama de música. Em Brasília alguém que adora uma aglomeração e que não comprou as vacinas quando pôde comprar, quer nos fazer acreditar que olha por nós
No Senado um tiroteio para todos os lados, se muitos não morreram de COVID vão morrer de bala perdida.
Moralistas de plantão há aos montes, arrotando suas certezas absolutas ( tai uma coisa horrorosamente ridícula, a tal certeza absoluta).
Gente chata, que não sabe o que é um The Macallan, um La Romaneé-Conti mas adora andar com seus carros de última geração divididos em 120 parcelas e quase todas pagas atrasadas, só pra mostrar que são os tais.
Gente besta que não entende que também existem coisas simples que são enormemente valiosas; uma feijoada bem feita, aquela unha de carangueijo, a moqueca suculenta, mas preferem mesmo postar nas redes sociais aqueles pratos que tiram as fotos da internet dizendo que estão comendo.
Um mundo onde ler virou bobagem, afinal pra que serve Cervantes, Victor Hugo, Machado de Assis, Shakespeare, Hemingway, Saramago se a gente tem por aí na internet os livros de auto ajuda, daqueles espertos que resolveram escrever com a finalidade de se auto ajudar!?
Ah que falta faz uma roda de samba, um torresmo com uma linguicinha, um concerto com músicas de Bach, Chopin, Stravinski, um balé do Grupo Corpo, ou um arrastão do Pavulagem ou que seja, uma batucada no morro de Mangueira.
Como é horrível viver em um país onde alguns se acham realmente superiores pela sua “ideologia” política, se acham melhores, e claro, como todos os que se acham na vida, estão aí com seus dedos em riste querendo impor suas vontades.
Onde ficou o contraditório? Onde foi parar o argumento? Cadê o f…..?
Empobrecemos intelectualmente, somos um país de aloprados, muita gente com viés totalitário, sem o menor respeito pelo meio ambiente, pela diferença de cor, credo, sexo, religião.
A imposição é a tônica. Puta coisa chata!
Brotaram do fundo da terra os que são superiores com sua ignorante soberba em achar que só existe um lado, um modo de ser e pensar.
Ah, meia dúzia de palavrões pra tanta chatice.

Marcelo Marques