“Corpo Preto” faz história em Cannes com Grand Prix e três Leões por denúncia ao racismo na saúde

Projeto brasileiro conquista maior premiação do festival ao expor desigualdades raciais no atendimento médico através de livro baseado em casos reais

O Brasil celebrou uma conquista inédita no Festival de Cannes com o projeto “Corpo Preto”, que recebeu quatro prêmios, incluindo o cobiçado Grand Prix na categoria Industry Craft – a primeira vez que o país alcança esse feito. Desenvolvido pelo Instituto Yduqs e IDOMED com produção da Artplan, a obra denuncia o racismo estrutural na saúde brasileira através de relatos impactantes sobre negligência médica e desigualdades no atendimento. O projeto também levou dois Leões de Ouro (Design e Health & Wellness) e um de Bronze (Health & Wellness), destacando-se como ferramenta educacional para formação de médicos mais conscientes – apenas 3% dos profissionais da área no país são negros, segundo o CFM.

Claudia Romano, presidente do Instituto Yduqs, ressaltou que “além do reconhecimento criativo, o prêmio amplifica um debate urgente”. O CEO do IDOMED, Silvio Pessanha Neto, destacou que a obra é “instrumento de transformação social” vinculado ao programa Mediversidade, que promove inclusão na educação médica. A produção combina dados alarmantes com narrativas sensíveis, como a história real que inspirou o livro – caso emblemático das microagressões e negligências que pacientes negros enfrentam no sistema de saúde. O vice-presidente de Marketing da Yduqs, Marcel Desco, reforçou o papel do marketing como agente de mudança: “Nigrum Corpus nasceu de um propósito verdadeiro para impactar a sociedade”. A premiação consolida o projeto como referência global no uso da criatividade para enfrentar desigualdades estruturais.

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