Dados inéditos do IBGE mostram perfil demográfico distinto e desafios específicos de comunidades tradicionais em acesso a serviços básicos
O Censo Demográfico 2022 divulgado nesta sexta-feira (9) pelo IBGE revelou um retrato inédito da população quilombola no Brasil: enquanto apenas 12,6% dos brasileiros vivem em áreas rurais, entre os 1,3 milhão de quilombolas esse percentual salta para 61,7% (820,9 mil pessoas). A pesquisa, a primeira a mapear especificamente esse grupo, mostrou ainda que nos territórios quilombolas oficialmente reconhecidos, a ruralidade chega a 88% – um padrão único entre grupos étnicos brasileiros, segundo os pesquisadores.
As disparidades se acentuam nos indicadores de qualidade de vida: 94,6% dos quilombolas rurais vivem em domicílios com precariedade no saneamento (contra 87,2% da média rural nacional) e o analfabetismo atinge 22,7% dessa população no campo. As regiões Norte (63,4%) e Nordeste (65%) concentram as maiores proporções, com destaque para Piauí (87,9%) e Amazonas (84,9%). Especialistas do IBGE destacam que os dados exigem políticas públicas diferenciadas que considerem tanto a forte vinculação rural quanto a crescente presença urbana (38,3%) dessas comunidades.
Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil