Belém tem 4ª Mostra de Teatro Nilza Maria no Theatro da Paz a partir do dia 13 deste mês

Foto: Pedro Guerreiro / Ag. Pará

Inicia no próximo dia 13 de março, a “4ª Mostra de Teatro Nilza Maria”. A Mostra acontecerá no Theatro da Paz, no período de 13 a 17 de março de 2024, sempre às 20h, exceto no dia 17, que será às 19h. Esta edição homenageará o diretor Geraldo Salles, do Grupo Experiência, em reconhecimento à sua trajetória e contribuição às artes cênicas do Pará. A iniciativa é do Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult) e Theatro da Paz. 

Essa primeira edição irá exibir, a preços acessíveis, cinco peças, sendo elas: Belém Bragança – Os trilhos da Esperança (José Leal), Gato por Lebre (Saulo Sisnando), O que não se diz apodrece em nós (Paulo Santana), Joana (Edyr Proença) e Picadeiro: Solo onde plantei minhas lágrimas (Evanildo Mercês).

“A Mostra celebra a força luminosa da cena teatral paraense que, além de ter uma história marcada por grandes montagens e grupos longevos, sempre foi um foco de resistência e luta pelas políticas culturais no estado. A cada ano, prestamos uma homenagem a personalidades que dedicaram a vida aos palcos – os verdadeiros protagonistas que vem inspirando gerações. Nesta edição, estamos especialmente felizes em festejar o talento de Geraldo Salles, que dirigiu e encenou espetáculos icônicos e memoráveis. A Mostra se fortalece como um espaço de valorização destes profissionais da cênica e de democratização de acesso”, explica a secretária de estado de cultura, Ursula Vidal.

A mostra tem como intuito contribuir para a formação cultural de todo o público paraense e tem como objetivo fundamental democratizar o acesso à cultura, estimular o hábito de frequentar o teatro, fomentar a circulação de companhias teatrais paraenses, enriquecendo o cenário cultural do Estado.

De acordo com Edyr Augusto Proença, diretor do Theatro da Paz, a seleção da mostra foi bem diversificada e as peças abrangem uma variedade interessante de gêneros, que vão desde o drama até a comédia.

“Estamos extremamente orgulhosos de apresentar esta Mostra que celebra a arte do teatro e a capacidade de explorar as emoções humanas de maneira autêntica e comovente. Tudo foi pensado para democratizar e inserir as Artes Cênicas no cotidiano da cidade, transformando o consumo de teatro em um hábito, fomentando a economia da cultura e facilitando inclusive a adesão de ingressos”, finalizou o diretor.

A curadoria do evento selecionou espetáculos paraenses de companhias que possuem experiência em festivais e temporadas fora da região, com base em critérios como originalidade, qualidade artística, relevância cultural, viabilidade técnica, inovação, diversidade e adequação ao tema ou propósito do evento.

Artes Cênicas no Pará
O teatro no Pará, especificamente em Belém, tem suas raízes profundamente entrelaçadas com a história da região e sua diversidade cultural. A chegada do teatro na Amazônia remonta ao período colonial, quando as primeiras manifestações teatrais ocorreram como parte das festividades religiosas e celebrações populares.

Durante o período colonial, o teatro era principalmente ligado às festividades religiosas, como as festas de Corpus Christi e os autos. Com a chegada dos jesuítas e outras ordens religiosas, houve uma influência significativa na introdução de elementos teatrais nas atividades missionárias e educacionais. As encenações dramáticas eram frequentemente utilizadas como ferramentas de catequização dos povos indígenas.

No entanto, o teatro como forma de entretenimento popular começou a se desenvolver mais vigorosamente no século XIX, especialmente com a intensificação do ciclo da borracha na região amazônica. A crescente urbanização e o enriquecimento de Belém como um importante centro comercial e cultural proporcionaram um ambiente propício para o florescimento das artes cênicas.

Os teatros foram construídos, como o Theatro da Paz, inaugurado em 1878, que se tornou um ícone da cultura e da arquitetura paraense. Com a construção desses espaços, houve um aumento nas produções teatrais, incluindo peças locais, nacionais e internacionais, além de óperas, concertos e outras formas de entretenimento.

Durante o século XX, o teatro continuou a se desenvolver em Belém, com a formação de grupos teatrais locais, a realização de festivais e mostras de teatro, bem como a integração de elementos da cultura amazônica nas produções. O teatro também se tornou um espaço para expressão política e social, refletindo as lutas e as aspirações do povo paraense.

Hoje, o teatro em Belém continua a ser uma parte vibrante da vida cultural da cidade, com uma cena teatral diversificada que abrange desde produções tradicionais até experimentais, incorporando elementos da rica herança cultural da região. A história do teatro no Pará reflete a riqueza e a complexidade da identidade cultural da Amazônia, enraizada em suas tradições indígenas, influências europeias e experiências contemporâneas.

Geraldo Salles, uma vida dedicada ao teatro e à arte
Às vésperas de completar 83 anos de idade, o renomado ator e diretor teatral Geraldo Salles brinda ao público com sua contínua e vibrante atuação nos palcos. Celebrado como uma lenda viva do teatro paraense, Salles é o mentor por trás do prestigioso Grupo Experiência, uma instituição cultural que moldou a cena teatral local desde sua fundação em 1971.

Com uma trajetória profissional que abrange mais de seis décadas, Salles é uma figura emblemática cuja influência transcende as fronteiras do Pará. Seu legado é marcado por produções memoráveis, entre elas “Verde Ver-o-Peso”, uma obra-prima que se tornou um símbolo do teatro regional. A obra foi um dos destaques da programação da ECO/92, no Rio de Janeiro, além de também levar o Experiência a ser uma das três companhias representantes do Brasil no VIII Circuito de Teatro em Português, que reuniu grupos de teatro de oito países de língua portuguesa, em 2013.

Desde os primórdios de sua paixão pelo teatro, aos 10 anos de idade, Geraldo Salles tem sido impulsionado por um desejo incansável de explorar as profundezas da arte cênica. Sua jornada artística o levou não apenas aos palcos de Belém, mas também aos cenários do Rio de Janeiro, onde compartilhou momentos inesquecíveis com luminárias como José Wilker.

Reconhecido nacional e internacionalmente por seu talento, Salles acumula prêmios e honrarias ao longo de sua carreira. Seja como ator ou diretor, sua dedicação e comprometimento com a excelência artística são inegáveis, cativando públicos e críticos por igual.

Enquanto se prepara para ser homenageado pela 4ª Mostra de Teatro Nilza Maria, Geraldo Salles continua a inspirar uma nova geração de artistas, demonstrando que a paixão pela arte não conhece limites de idade. Sua energia e vitalidade são um testemunho vivo do poder transformador do teatro e da perene relevância das histórias que ele conta.

“Eu não esperava essa homenagem, mas se existe, que bom. Parabéns, não pela homenagem à pessoa, mas pela Mostra de Teatro Nilza Maria. Vida longa!”

Ao comentar sobre a importância do teatro para a sociedade, especialmente no contexto do Pará, Geraldo Salles se anima. “Uma vez, eu ouvi uma frase de alguém de teatro, acho que foi Pascoal Carlos Magno, um ator, poeta, teatrólogo, diplomata brasileiro e grande embaixador que fez o teatro da Juventude no Rio de Janeiro, que dizia que a cultura de um povo se mede pelo teatro que ele faz. Eu acho da maior importância o teatro em Belém do Pará como veículo de cultura para as pessoas aprenderem mais, admirarem e terem um contato maior com os artistas da terra e com a arte em geral”, declarou.

Programação:
Dia 13 – Grupo Experiência com o espetáculo “Belém Bragança – Os trilhos da Esperança”. 
Autor: José Leal
Música: Toni Soares.
Direção: Geraldo Salles.

Dia 14: Teatro de Apartamento com o espetáculo “Gato por Lebre”
Autor: Saulo Sisnando
Direção: Saulo Sisnando

Dia 15: Grupo Palha com o espetáculo “O que não se diz apodrece em nós”, uma adaptação da peça ‘Anti Nelson’, de Nelson Rodrigues
Direção: Paulo Santana

Dia 16: Grupo Cuíra com o espetáculo “Joana”
Autor: Edyr Proença
Direção: Olinda Charone

Dia 17: Grupo: MÁ CIA DE TEATRO com o espetáculo “Picadeiro: Solo onde plantei minhas lágrimas”
Autor: esta montagem é uma colagem de textos de autores como Fernando Pessoa, Rubens Alves, Mario de Andrade, entre outros que trazem como tema a solidão, memórias, conflitos existências, vida e morte.
Direção: Evanildo Mercês.

Serviço:
A 4ª Mostra de Teatro – Nilza Maria acontecerá no período de 13 a 17 de março de 2024 no Theatro da Paz. O horário será sempre às 20h, exceto no dia no dia 17/03 que acontecerá às 19h. Os ingressos podem ser adquiridos na bilheteria do Da Paz ou no site ticketfacil.com.br, a partir das 9h da manhã do dia 05/03, no valor de R$ 2,00.

Texto de Úrsula Pereira / Ascom Theatro da Paz

Por Agência Pará