Foto: Arquivo pessoal
Depois de 36 anos do desaparecimento do escoteiro Marco Aurélio Simon no Pico dos Marins, em Piquete (SP), a investigação do caso foi reaberta pela Polícia Civil, que vai apurar o que aconteceu com o adolescente.
Encerrado em 1990 sem conclusão, o inquérito foi retomado após autorização da Justiça, com novos indícios sobre o que pode ter acontecido – inclusive a possibilidade de que Marco Aurélio esteja vivo.
O delegado responsável pelo caso, Fábio Cabett, solicitou à Justiça o desarquivamento do inquérito no mês passado, após o pai do escoteiro, o jornalista Ivo Simon, de 82 anos, ter procurado a polícia com informações. Segundo os novos indícios, o filho dele teria sido morto e enterrado em um local onde hoje fica uma pequena casa, na área em que os escoteiros haviam acampado à época, na zona rural da cidade.
“Temos duas vertentes a serem trabalhadas: de que o Marco Aurélio estaria enterrado nessa área e a outra de que teriam visto um morador de rua em Taubaté, com os mesmos traços dele. Já oficializei as penitenciárias, fiz contato com a polícia da cidade e a técnica que projetou um cronograma de ações em três etapas, com reconhecimento de área, equipamentos e a escavação de fato”, disse o delegado.
As primeiras diligências tiveram início na última quinta-feira (15), quando o delegado esteve com o pai do escoteiro na propriedade para reconhecimento de campo. Além de novos depoimentos, as próximas ações deverão contar com policiais e peritos de cidades da região e de São Paulo, além de cães farejadores, escavações e derrubada de árvores do local. Não há prazo para conclusão dos trabalhos.
Na próxima semana, o delegado deve ir até Minas Gerais para ouvir as duas filhas do antigo proprietário do imóvel apontado como possível local de um suposto crime.
Uma delas teria visto uma área semelhante a uma cova, onde acreditava que poderia haver alguma relação ou pista ligada ao caso. Ela teria tentando escavar à época, mas não obteve sucesso.
Mais de 30 anos à espera de respostas
Mesmo após mais de três décadas, o pai de Marco Aurélio nunca desistiu de obter respostas.
“Ninguém admite o erro que o líder escoteiro cometeu, autorizar o meu filho a buscar socorro sozinho. É algo estranho, que nunca foi bem explicado”, analisa.
Nas falas, ele se traduz como um obstinado.
“Sou imortal, não vou morrer enquanto não tiver essas repostas. Tenho 82 anos e a saúde melhor que a sua. Vou procurar até ter uma resposta. Não sei qual seria a minha reação de encontrar meu filho hoje. Mas, se descobrirem as ossadas e comprovar que são dele, consegue imaginar o meu choque? Aí, seria outro problema: quem matou meu filho?”, disse Ivo.
Histórico
O escoteiro Marco Aurélio Simon desapareceu na manhã do dia 8 de junho de 1985. Ele e outros três amigos, todos com 15 anos à época, estavam acompanhados de um líder e tentavam alcançar o cume do Pico dos Marins, a 2.420 metros – é o segundo ponto mais alto do estado de SP.
No caminho, um deles torceu o pé e o líder autorizou que Marco Aurélio voltasse sozinho ao acampamento para pedir ajuda.
O grupo se perdeu e quando chegou ao local, encontrou a mochila de Marco Aurélio, mas o adolescente não estava lá.
Foram 28 dias de buscas com policiais de diferentes corporações, além de mateiros, alpinistas, especialistas e aeronaves. Até hoje, nenhuma pista do escoteiro foi encontrada.
Alerta de informação falsa
Na última semana, circularam em grupos de aplicativos áudios que diziam que Marco Aurélio teria sido morto por um homem com problemas psiquiátricos. O delegado desmente a versão e pede cuidado com rumores e informações falsas.
“Tem essa informação, de que o pai [do suposto criminoso] teria enterrado o garoto [Marco Aurélio] debaixo da cama para proteger o filho, mas essa mulher [responsável pelo áudio] não disse nada disso. Agora, todo cuidado é pouco. Essas informações só atrapalham o nosso trabalho”, completou o delegado.