Hapvida é multada por forçar ‘tratamento precoce’ contra a Covid-19

A operadora de saúde Hapvida, uma das maiores da área de saúde privada do país, foi multada em R$ 468 mil, pelo Ministério Público Estadual do Ceará (MP-CE), por impor que os médicos prescrevam cloroquina ou hidroxicloroquina a pacientes com a covid-19. A decisão foi tomada após relatos de um médico que prestou serviços à operadora de saúde e de uma paciente, que disse ter sido orientada a tomar hidroxicloroquina mesmo sem ter um diagnóstico de covid-19.

Reportagem da BBC News Brasil em agosto passado, denunciou que médicos de diferentes regiões do país afirmam que a empresa impõe a prescrição de hidroxicloroquina a pacientes com suspeita ou confirmação de covid-19. Ao MP-CE, a HapVida afirmou que nunca pressionou seus médicos a prescreverem uma determinada medicação aos pacientes.

A empresa, no entanto, tem o prazo de 10 dias para se manifestar contra a decisão administrativa. A operadora de saúde chegou a anunciar, em maio do ano passado, que havia adquirido milhares de unidades de hidroxicloroquina. O medicamento, inclusive, foi distribuído gratuitamente aos seus pacientes. 

Segundo médicos ouvidos pela reportagem, foi nesse período que a pressão para a prescrição do fármaco aumentou. A cloroquina e o seu derivado, a hidroxicloroquina, são medicamentos cujos estudos apontam a ineficácia para o combate à covid-19. Mesmo assim, diversos médicos e empresas continuam defendendo o uso desses remédios para combater a doença.

O médico Felipe Peixoto relatou ao MPCE que a Hapvida analisava prontuários de pacientes com a covid-19 para avaliar se os profissionais de saúde estavam prescrevendo hidroxicloroquina. Ainda segundo o médico, um chefe responsável por uma unidade de saúde da rede orientou, em um grupo de WhatsApp, que os profissionais não informassem sobre o risco da medicação.

Foto: Hapvida