A contagem de mortos no Estado do Rio de Janeiro se acelerou nos últimos quinze dias, após a execução política da vereadora Marielle Franco (PSOL) e em meio a uma intervenção federal ainda sem rumo certo aparente. Só nesse período foram duas chacinas, uma na favela da Rocinha e outra em Maricá, vários policiais militares mortos, um confronto aberto entre milicianos e traficantes, uma tentativa de assalto em um shopping da Zona Sul que resultou em pânico e tiros, uma criança e outras três pessoas mortas no Complexo do Alemão… Nesta quinta, três pessoas morreram baleadas, sendo duas no município de Belford Roxo e uma na favela da Rocinha — que já soma 12 mortos em oito dias. A lista de mortos não para de crescer, apesar da promessa do presidente Michel Temer (MDB) ao assinar o decreto, no dia 16 de fevereiro: “O Governo dará respostas duras, firmes e adotará todas as providências necessárias para enfrentar e derrotar o crime organizado e as quadrilhas. Não podemos aceitar passivamente a morte de inocentes. É intolerável que estejamos enterrando pais e mães de família”.
No entanto, apenas na última terça-feira, 40 dias depois, o presidente garantiu o envio de recursos para o interventor e general Walter Braga Netto, chefe do Comando Militar do Leste e comandante máximo da segurança pública fluminense. Através de uma Medida Provisória (MP), que deverá passar pelo Legislativo mas que já entrou em vigor, o Governo Temer garantiu 1,2 bilhão de reais para o Rio. Mas Braga Betto, que ao longo do último mês analisou a situação dos aparatos de segurança, sobretudo as sucateadas polícias Civil e Militar, pedira 3 bilhões de reais para colocar as contas em dia.
Essa demora teve consequências nos dados do Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio, divulgados pelo jornal O Globo, que não são positivos para o Governo Temer. Entre aquele 16 de fevereiro e o dia 16 de março foram registrados 113 homicídios, dois a mais que o mesmo período de 2017 (111 homicídios) e quatro a mais que um mês atrás (109). Já o roubo de carros aumentou 19% com relação ao mesmo período do ano passado, mas caiu 8% se comparado com o mês anterior à intervenção. O roubo de cargas aumentou 12% no último ano e 6% no último mês.
El Pais .