Por João Pedroso de Campos, André Siqueira, VEJA.com
Foto: Facebook/Reprodução
A Polícia Federal (PF) prendeu, nesta quarta-feira, 31, Dario Messer, conhecido como o “doleiro dos doleiros”. A prisão ocorreu por volta das 16h40, no bairro dos Jardins, em São Paulo. Dario Messer estava foragido desde maio de 2018, quando foi decretada sua prisão.
Nos últimos dias, a inteligência da PF passou a rastrear um endereço em São Paulo que poderia ser utilizado como bunker do esquema do doleiro, como informa a coluna Radar. Com o monitoramento concluído, o juiz federal Marcelo Bretas expediu mandados de busca e apreensão para o local.
A família de Messer fechou acordo de delação premiada. Os procuradores do Ministério Público Federal do Rio de Janeiro afirmam, inclusive, que a multa de 270 milhões de reais aplicada a Dan Wolf Messer, filho do “doleiro dos doleiros”, é a maior da Operação Lava Jato a pessoas físicas. A soma das multas chega a aproximadamente 370 milhões de reais. O Radar revelou que, antes de os familiares de Messer negociarem a delação, ele ameaçava usar seus segredos para “colocar a boca no trombone” e detonar os políticos que fizeram dele um “boi de piranha”.
Nesta quarta-feira, o procurador regional da República José Augusto Vagos afirmou que operações passadas não conseguiram capturar Messer “diante do seu poder econômico e sua influência no submundo do crime”. Ele ressaltou a prisão do “mais importante doleiro do Brasil” que, a partir de agora, “terá que prestar contas à Justiça brasileira”.
Dario Messer deixou o condomínio Limoges Jardins, localizado na Rua Pamplona, na capital paulista, acompanhado por policiais, por volta das 19h, em um carro vermelho descaracterizado, mais de duas horas depois da chegada de agentes da PF.
No último dia 9, a força-tarefa da Operação Lava Jato prendeu o operador Mário Libman, ligado a Messer, em um desdobramento da Operação “câmbio, desligo”. Os investigadores suspeitam que o operador e seu filho, Rafael Libman, lavaram dinheiro em benefício de Messer. Somente Rafael tem 18 apartamentos de luxo, segundo o Ministério Público Federal (MPF).
À época, Bretas apontou, na decisão que autorizou a medida cautelar, que a filha de Dario Messer, Denise, era casada com Rafael Libman. De acordo com as investigações, Mário Libman recebeu aportes no valor de mais de 31,8 milhões de reais, entre 2011 e 2016, provenientes das contas Matriz e Cagarras.
A “câmbio, desligo” foi deflagrada em 3 de maio de 2018 contra um esquema de movimentação de recursos ilícitos no Brasil e no exterior por meio de operações dólar-cabo, entregas de dinheiro em espécie, pagamentos de boletos e compra e venda de cheques de comércio. A delação dos doleiros Vinícius Vieira Barreto Claret, o Juca Bala, e Cláudio Fernando Barbosa, o Tony, resultou na operação. A ação tinha como principal alvo Dario Messer, apontado como controlador de um banco em Antígua e Barbuda. Ele era citado pelas delações de Juca e Tony.
Segundo o MPF, o esquema está ligado ao ex-governador Sérgio Cabral, preso desde novembro de 2016 e que acumula mais de 216 anos em penas. “Esse esquema, na verdade, se emaranhava num esquema muito maior de lavagem de dinheiro que foi desvendada por meio de alguns doleiros que atuavam para o governador Sérgio Cabral”, afirmou o procurador Almir Teubl.