Home DESTAQUE Pastoral da terra diz que prisão do padre busca satisfazer interesses de latifundiários

Pastoral da terra diz que prisão do padre busca satisfazer interesses de latifundiários

Pastoral da terra diz que prisão do padre busca satisfazer interesses de latifundiários

Nesta quarta-feira (28), a Comissão Pastoral da Terra (CPT) no Pará divulgou uma nota afirmando que a prisão preventiva da liderança rural Padre Amaro “é uma medida que busca satisfazer aos interesses dos latifundiários” da região do sudoeste do estado. A nota alega que a decisão não teria se baseado em fatos concretos, mas em depoimentos de fazendeiros e de outras pessoas contrárias ao trabalho do padre.
José Amaro Lopes de Sousa foi preso na terça-feira (27) na prelazia do Xingu, onde atuava como paróco. O religioso era considerado braço direito da missionária Dorothy Stang, assassinada em 2005 no Pará, e deu continuidade ao trabalho da religiosa em Anapu, sudoeste do Pará, defendendo os direitos humanos, os assentamentos de sem-terra e as reformas fundiária e agrária.

A CPT disse ainda que, até o momento, não teve acesso ao inquérito policial que deu origem ao mandado de prisão e questiona os argumentos que sustentaram a decisão. De acordo com a nota, a prisão teria como objetivo desmoralizar os que lutam pelos menos favorecidos.
Na terça (27), a Polícia do Pará prendeu a liderança rural, após determinação do juiz de Anapu. O padre é investigado por envolvimento nos crimes de associação criminosa, ameaça, esbulho possessório, extorsão, assédio sexual, importunação ofensiva ao pudor, constrangimento ilegal e lavagem de dinheiro.

Segundo a decisão da Justiça, “a medida se justifica para colheita de documentos, objetos e/ou quaisquer outros elementos de prova”. Ainda de acordo com o documento, são apontados como elementos de prova contra o padre a existência de peças informativas, termos de declarações prestados na polícia, vídeos, conversas de whatsapp, reportagens da mídia e outros.

O padre já ingressou no Centro de Recuperação Regional de Altamira. De acordo com a Superintendência Executiva do Sistema Penitenciário do Pará (Susipe), o presídio é o mesmo cumpre pena de 30 anos o fazendeiro condenado pela Justiça por ser mandante do assassinato de Stang.
A defesa do padre informou que o padre negou as acusações em depoimento à policia e que deverá pedir a revogação da prisão.
“Vítima de difamação”, afirma prelazia
A Prelazia do Xingu, onde o religioso era pároco, também divulgou nota nesta quarta (28) lamentando a prisão. O documento assinado pelos bispos Dom João Muniz Alves e Dom Erwin Kräutler, afirma que “há anos alvo de ameças, Padre Amaro agora é vítima de difamação para deslegitimar todo o seu empenho em favor dos menos favorecidos”.
Os bispos também disseram, na nota, que estão acompanhando apreensivos a investigação e elucidação dos fatos e insistem “que a verdade seja apurada com justiça total e total transparência”.

G1