Um novo relatório divulgado pelo Instituto Evandro Chagas (IEC) nesta quarta-feira (28), em Belém, aponta que as operações irregulares da refinaria da Norsk Hydro em Barcarena, nordeste do Pará, contaminaram fluxos do rio Pará com metais tóxicos. Conforme divulgado pelo G1, a contaminação de chumbo pode ter se alastrado e o IEC informou que os riscos à saúde ambiental foram bem maiores do que se imaginava, não se limitando à bacia do rio Murucupi. Em nota, a Hydro alegou que ” ainda não teve acesso ao conteúdo integral do relatório apresentado pelo Instituto Evandro Chagas, e que a companhia irá analisar o material antes de se pronunciar”.
De acordo com o IEC, nas amostras coletadas entre 25 de fevereiro e 8 de março foram encontrados níveis de substâncias acima do permitido pela lei ambiental em áreas próximas às praias de Sirituba e Beja, Guajará do Beja, Arapiranga, igarapés do Curuperê e Dendê e igarapé do Tauá.
O relatório concluiu que nos resíduos despejados pela empresa estavam misturados a lama vermelha e resíduos de cinzas. Nosses efluentes os pesquisadores encontraram níveis consideráveis de 14 substâncias químicas pesadas – arsênio, chumbo, manganês, zinco, mercúrio, prata, cádmio, cromo, níquel, cobalto, urânio, alumínio, ferro e cobre. “A soma dos efluentes de lama vermelha com os efluentes de cinza aumenta muito o nível desses metais nos efluentes da DRS1”.
De acordo com o IEC, esses metais tóxicos circulavam pelos canais irregulares já identificados na empresa. As conclusões apontam que, nos resquícios dentro do Canal Antigo, que é auxiliar, foi encontrado níveis muito elevados de manganês, indicando que o lançamento de qualquer material pelo canal e sem qualquer tratamento representa um risco de danos aos ecossistemas aquáticos e à saúde humana.
O documento intitulado “Avaliação Preliminar dos Impactos Ambientais Referente ao Transbordo e Lançamentos Irregulares de Efluentes de Lama Vermelha na Cidade de Barcarena, estado do Pará” traz resultado das análises de amostras de água coletadas no Rio Murucupi, em vários pontos do Rio Pará, nos rios Arienga, Arapiranga, Guajará do Beja, Igarapés Curuperê, Dendê e um igarapé que é afluente do Tauá.
Além disso o estudo traz amostras de lama coletadas dentro da empresa em todo o sistema de efluentes e amostra coletada na estrada PA-481, após o tombamento de um caminhão no dia 22 de fevereiro.
De acordo com o IEC, o material que tombou na estrada era efluentes de lama vermelha. O derramamento, segundo o IEC, colocou em risco todos os ecossistemas que estão perto da estrada e até pessoas que circulam na estrada de uso público. Ainda segundo o IEC, nas adjacências da área onde foi coletada esta amostra, existem igarapés e nascentes que compõem as bacias hidrográficas do Rio Murucupi e São Francisco e, pela declividade do terreno, essas nascentes podem ter recebido essa carga de resíduos e efluentes.
Rio Murucupi está impróprio para consumo humano
Segundo o IEC, todos os elementos tóxicos encontrados nos efluentes da empresa Hydro também são encontrados nas águas do rio Murucupi.
O relatório aponta que as águas do rio Murucupi, no trecho entre a comunidade Vila Nova e as nascentes, estão comprometidas com níveis de alumínio, ferro, arsênio, cobre, mercúrio e chumbo acima do que prevê a legislação brasileira e não devem ser usadas para consumo humano, recreação ou pesca. De acordo com o IEC é necessário que se façam estudos de eco toxicidade na região.
G1