Foto: Fazenda Paraíso
Pesquisadores da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) divulgaram nesta quinta-feira (27), o nascimento da primeira “búfala de proveta” do Marajó, no Pará. Foram três anos de trabalho para chegar um protocolo que garantiu o sucesso na fertilização in vitro dos búfalos do arquipélago.
O resultado das pesquisas veio com o nascimento da bezerra Japonesa, no dia 20 de dezembro de 2021, pesando 30kg, na Fazenda Paraíso, no município de Cachoeira do Arari. O animal pode alcançar 600kg, que é o peso de uma búfala de alto padrão. O Marajó possui o maior rebanho de búfalos do Brasil e o 2º maior do mundo, ficando atrás apenas da Índia.
Japonesa recebeu esse nome em homenagem ao professor Otávio Ohashi, parte do grupo de pesquisadores pioneiros em pesquisas com bubalinos, e que foi vítima do Covid-19 em 2021.
Sobre o projeto, os pesquisadores explicam que a região do Marajó tem características únicas e, por isso, precisaram elaborar protocolos específicos.
“O Marajó tem particularidades de logística, locomoção e manejo que dificultam muito as biotécnicas, por isso se usássemos o mesmo protocolo de outras regiões não iria funcionar, então tivemos que desenvolver novos. O búfalo do Marajó é criado em pastagens nativas, muitas vezes de baixa qualidade e disponibilidade, sem suplementação mineral e manejo sanitário inadequado. Nessas condições, conseguir sucesso com as técnicas e poder ajudar os produtores é um grande avanço para nós”, explica o professor Sebastião Rolim, um dos pesquisadores que coordenam a equipe.
A pesquisa é desenvolvida pelo setor de Reprodução Animal do Instituto da Saúde e Produção Animal (ISPA) da UFRA, em parceria com pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA), os produtores locais e as prefeituras dos municípios da região.
Para realização das pesquisas, o grupo montou um laboratório na ilha, instalado no município de Salvaterra. Os pesquisadores contam que a estrutura possuí tecnologia sensível e que problemas como falta de energia e até contaminação por fungos e bactérias pode acabar com todo o processo. Por isso, chegar a um resultado como o nascimento da búfala é um avanço considerado importante para o avanço das pesquisas.
Cadeia produtiva no Marajó
Uma das principais fontes de economia da ilha é a produção do leite de búfala e a comercialização dos rebanhos. Essa produção tem forte impacto na economia do estado. Em 2021, o queijo do Marajó ganhou o selo da Indicação Geográfica (IG) do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).
De acordo com informações da Associação Paraense de Criadores de Búfalas (APCB) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Pará concentra 520 mil búfalos, dos quais mais de 320 mil estão no Marajó. Segundo os pesquisadores, o melhoramento genético garante melhoria no rebanho e aumento na qualidade do leite e na carne dos animais, o que acaba incentivando a produção e a economia.
Em 2014 os estudos voltados para a FIV, alcançaram um resultado inédito na região Norte do Brasil, em 2016: a gestação das duas primeiras fêmeas de búfalo. Em 2021 nasceu a primeira búfala por fertilização artificial com sêmen sexado, ou seja, em que há escolha sobre o sexo do animal. E, mais recentemente, em 2021, a primeira búfala por FIV na região do Marajó.