Foto: Wagner Santana/DOL
Por Luiz Guilherme Ramos, DOL
A correria diária esconde um pedaço precioso da história. Da efervescência política do passado, resta apenas a lembrança, hoje mal preservada, de um dos locais mais icônicos da nossa capital. Quem mora em Belém, certamente já se deparou com o popular “Chapéu do Barata”, o monumento localizado na Praça da Leitura, no bairro de São Brás. Uma nova tradição, no entanto, vai ganhando corpo e forma à medida que o tempo passa: a do abandono.
Localizado na região de maior tráfego de veículos e pessoas, por conta do terminal rodoviário e da nova estação central do BRT, o monumento em homenagem ao ex-interventor Magalhães Barata, por muitos anos guardou os restos mortais do líder político, mas com o passar do tempo foi se deteriorando e hoje serve apenas de moradia para usuários de drogas e pessoas em situação de risco. Em seu interior, muita sujeira, pichações e o mau cheiro predominam. Até o box que deveria servir à Guarda Municipal, foi desativado e também segue abandonado. Passar por perto, só para os mais corajosos.
“Ninguém se atreve. Eu pelo menos não passo por aí porque fede muito”, disse um transeunte às pressas, tentando se desvencilhar do odor insuportável que domina o ambiente. No entorno, a praça tenta cumprir seu papel: corredores limpos, lixo ensacado e bancos mantidos, mas é só se aproximar do monumento para que o cenário mude, começando pelas grades de proteção que foram totalmente arrancadas. Quanto mais próximo, maisinsuportável fica.
Diante do abandono, poucas pessoas se arriscam a transitar por ali, ainda que o monumento esteja colado na estação do BRT Belém. Nem o fluxo intenso de pessoas é suficiente para devolver a vida ao local. Hoje, apenas alguns poucos moradores de rua habitam o espaço. Poucas pessoas se arriscam até a falar, sobretudo as que trabalham às proximidades, porque, segundo elas, à noite o perigo aumenta. Na contramão do desenvolvimento, o monumento em homenagem ao ex-interventor aguarda um olhar atento do poderpúblico municipal.