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Marujada: mais de 100 mil pessoas louvam São Benedito

Marujada: mais de 100 mil pessoas louvam São Benedito

Foto: Marco Santos/Ag.Pará

Por DOL, com informações da Agência Pará

O ponto alto da Festividade de São Benedito, em Bragança, no nordeste paraense, ocorreu nesta quinta-feira (26). A festa da Marujada reuniu mais de 100 mil pessoas em procissão pelas ruas da sede municipal. O evento de devoção ao Santo Preto e de cultura popular contou com as presenças do governador Helder Barbalho e do vice-governador Lúcio Vale, que acompanharam a romaria ao lado de milhares de fiéis. 

“É uma alegria muito grande voltar aqui mais uma vez. Todos os anos eu venho pra agradecer a São Benedito, pra renovar meus pedidos para que possamos encerrar o ano bem e ter um ano que chega maravilhoso. E claro que esse foi um ano muito especial, em que tivemos a oportunidade de estar junto com o povo bragantino e reconstruir o mirante, mantendo a imagem do Santo, pra que ele possa sempre tá abençoando. E que a fé dessa gente, e essa manifestação de religião e de cultura, possam sempre estar unindo esse povo”, ressaltou o governador, que se referiu ao mirante e à nova estátua de São Benedito, que desabaram em maio deste ano e foram reconstruídos pelo governo em poucos meses. 

Bispo da Diocese de Bragança, Dom Jesus Maria Berdonces presidiu a celebração em louvor a São Benedito, padroeiro dos bragantinos. Minutos antes de iniciar a procissão, ele também frisou a importância do evento para a população local. “A festa é sempre um momento de muita devoção por parte dos católicos dessa região. Não é só uma manifestação religiosa, mas também cultural. Isso se vê na roupa, nas comidas, nas danças e outros detalhes celebrados neste dia. Por isso, ela tem um alcance muito grande. A preparação começa em abril e culmina aqui”, contou o bispo. 

“Bragança se movimenta diante disso aqui. Bragança vê a vida pelos olhos de São Benedito, como disse o bispo Dom Jesus. Então, a identidade cultural bragantina é demarcada pela sua religiosidade e cultura. Não tem como ver a Marujada sem São Benedito, nem ver a cidade sem considerar a festividade. São indissociáveis”, reiterou o coordenador da Festividade, o historiador Dario Benedito Rodrigues. 

TRADIÇÃO E GRATIDÃO

A manifestação que representa a identidade do povo é uma tradição secular, mantida até hoje pela devoção ao Santo Preto, símbolo de caridade e proteção. Durante a procissão, realizada sempre um dia após 25 de dezembro, nascimento de Jesus Cristo, a maioria dos devotos se veste a caráter. Os homens vão de branco e as mulheres de saias vermelhas. Os chapéus são feitos manualmente e recebem ornamentação especial, principalmente os usados pelas mulheres, com fitas coloridas. Adultos e crianças são marujos e marujas, pagando promessa por ter uma graça alcançada. 

Maria de Nazaré Ferreira disse que todo ano cumpre uma promessa vitalícia, depois de se curar de reumatismo, que a deixou sem andar por um ano. “Eu tenho uma fé muito grande, uma esperança e muito carinho por São Benedito. Ele é um Santo poderoso. Há mais de 20 anos eu acompanho a procissão porque ele me curou”, afirmou a promesseira. 

Aos 86 anos, Antônio do Carmo saiu da zona rural de Bragança, onde mora, vestido de marujo, para participar da procissão e continuar pedindo ao Santo pela saúde. “Desde o ano passado eu tava doente. Tinha pressão alta. Aí meu filho fez a promessa que, seu eu ficasse bom, viria pra cá de marujo. E vim. E esse ano de novo. Semana passada tive um susto. Fui parar no hospital, tava internado. Pedi pra São Benedito e recebi alta. E agora estou bem, graças a Deus e a São Benedito”, disse Antônio. 

FAMÍLIA EM FESTA

A tradição é mantida por gerações, unindo famílias. Juliane e Luciele Conde, tia e sobrinha, também se vestiram de marujas, após dias de preparação para a grande festa. “Quando eu tinha um ano vim pela primeira vez. E como reúne a família, e todos participam, eu gosto muito. Pedi no ano passado saúde pra minha família, e esse é o primeiro ano que participei dos dois dias, vestida de roupa azul ontem e de vermelha, hoje. Tô muito feliz!”, garantiu Luciele, 11 anos. 

“A minha promessa foi feita quando eu tinha 5 anos de idade. Portanto, há 18 anos eu sigo a procissão de maruja. E todo ano é sempre aquela expectativa nos dias 25 e 26. A família inteira se prepara um mês antes. Vê se tem que fazer uns ajustes nas roupas, no chapéu, se está faltando fitas. Porque tem que seguir a tradição; não pode sair do padrão”, reiterou a assistente social Juliane Conde.