Home DESTAQUE Mangueira: escola fala de crise, faz crítica a prefeito e resgata antigos carnavais

Mangueira: escola fala de crise, faz crítica a prefeito e resgata antigos carnavais

Mangueira: escola fala de crise, faz crítica a prefeito e resgata antigos carnavais

Jornal do Brasil
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Penúltima escola do primeiro dia a entrar na avenida, a Estação Primeira de Mangueira mostrou que “Com dinheiro ou sem dinheiro eu brinco”. O carnavalesco Leandro Vieira relembrou carnavais antigos, com o objetivo de mostrar que a crise mão pode impedir o carnaval.

A escola fez uma crítica aberta ao prefeito Marcelo Crivella, em um dos seus carros alegóricos. Um imenso boneco o representava, ao lado de um grande cartaz onde se lia: “Prefeito, pecado é não brincar o carnaval”. Crivella reduziu este ano as verbas para os desfiles das escolas de samba, e pela segunda vez não apareceu na Sapucaí para assistir às agremiações.

A Verde e Rosa trouxe de volta um carnaval popular do tempo em que o apoio financeiro não era condição principal para a alegria do folião – nem na rua, nem nos desfiles, desde o seu início, nos anos 30 na Praça Onze, e depois na Avenida Presidente Vargas (no Centro), até chegar à Marquês de Sapucaí, nos anos 80.

A escola abriu espaço para os tradicionais blocos carnavalescos Cordão da Bola Preta, Bafo da Onça e Cacique de Ramos, responsáveis por arrastar uma multidão de foliões pelas ruas do Centro do Rio.

Foram lembrados ainda os antigos banhos de mar à fantasia, uma tradição carnavalesca que se perdeu com o tempo, e a cultura das fantasias de bate-bola – também chamadas de Clóvis ou rodado –, que se assemelham à roupa de um palhaço porém com uma máscara aterrorizante, tão comuns em bairros das zonas norte e oeste da cidade. A bateria fez paradinhas, levando o público ao delírio.

Leia o samba da Mangueira:

Chegou a hora de mudar

Erguer a bandeira do samba

Vem a luz à consciência

Que ilumina a resistência dessa gente bamba

Pergunte aos seus ancestrais

Dos antigos carnavais, nossa raça costumeira

Outrora marginalizado já usei cetim barato

Pra desfilar na mangueira

A minha escola de vida é um botequim

Com garfo e prato eu faço meu tamborim

Firmo na palma da mão, cantando laiálaiá

Sou mestre-sala na arte de improvisar

Ôôôô somos a voz do povo embarque nesse cordão

Pra ser feliz de novo

Vem como pode no meio da multidão

Não… não liga não!

Que a minha festa é sem pudor e sem pena

Volta a emoção

Pouco me importam o brilho e a renda

Vem pode chegar…

Que a rua é nossa mas é por direito

Vem vadiar por opção, derrubar esse portão, resgatar nosso respeito

O morro desnudo e sem vaidade

Sambando na cara da sociedade

Levanta o tapete e sacode a poeira

Pois ninguém vai calar a Estação Primeira

Se faltar fantasia alegria há de sobrar

Bate na lata pro povo sambar

Eu sou Mangueira meu senhor, não me leve a mal

Pecado é não brincar o carnaval!

Eu sou Mangueira meu senhor, não me leve a mal

Pecado é não brincar o carnaval!