Foto: Ricardo Stuckert/PR
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou, nesta quinta-feira (26), com familiares de brasileiros e de israelenses que estão em Israel. A videoconferência com representantes do Fórum de Famílias de Reféns e Desaparecidos ocorreu nesta manhã.
“O presidente tem conversado com várias partes do conflito com preocupação humanitária, em defesa de um cessar fogo e libertação dos reféns”, informou a Secretaria de Comunicação Social da Presidência.
O fórum reúne familiares de pessoas que desapareceram ou foram capturadas como reféns pelo Hamas, em Israel, no último dia 7 de outubro.
Em nota, o Palácio do Planalto informou que os familiares relataram as histórias da captura e da perda de contato com seus parentes. Vários deles são jovens raptados pelo grupo extremista palestino Hamas durante um festival de música eletrônica que acontecia no sul de Israel, próximo à Faixa de Gaza. “Alguns sofrem de doenças crônicas e estão sem seus remédios de uso contínuo. Na maior parte dos casos, sequer há evidência de que estejam vivos”, diz a nota.
Os representantes do fórum pediram a Lula que siga apoiando o pleito do grupo pela libertação de reféns. Por sua vez, o presidente respondeu estar pessoalmente empenhado na construção da paz, na libertação dos reféns e na abertura de um corredor humanitário.
“Depois de ouvir os familiares dos raptados, o presidente Lula condenou ataques contra civis, em quaisquer circunstâncias, e enfatizou a importância de que as pessoas diretamente atingidas pelo terrorismo e pela guerra sejam ouvidas. Lembrou que, nos dois lados do conflito, há pessoas que desejam a paz”, informou a Presidência.
“Expressando sua solidariedade, o presidente manifestou que, como pai e avô, compartilha a dor das famílias afetadas, e afirmou que o Brasil também está em luto pelo ocorrido”, acrescenta a nota.
Brasileiro desaparecido
A videoconferência ocorreu a pedido do Fórum de Famílias, por meio de carta endereçada a Lula, em nome de 200 famílias, na sequência dos atos terroristas do Hamas. Participaram da conversa os familiares de um brasileiro que se encontra desaparecido.
Na segunda-feira (23), o Ministério das Relações Exteriores informou que o brasileiro Michel Nisenbaum, de 59 anos de idade, residente em Israel, encontra-se desaparecido desde o dia 7 de outubro. A Embaixada do Brasil em Tel Aviv confirmou com as autoridades locais o status de desaparecido do nacional.
No momento, Nisenbaum, que tem cidadania brasileira e israelense, é o único brasileiro considerado desaparecido. Desde o início do conflito, três brasileiros foram mortos pelos ataques do Hamas em Israel. Karla Stelzer Mendes, de 42 anos; Bruna Valeanu, de 24 anos; e Ranani Nidejelski Glazer, de 24 anos.
Participaram da conversa, o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência, Celso Amorim; o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), e a assessora especial do presidente Clara Ant.
Desde o início do conflito no Oriente Médio, Lula tem mantido diálogo com líderes mundiais na tentativa de promover uma solução para a paz na região e ajuda aos civis. A preocupação do presidente é também com os cerca de 30 brasileiros que estão na Faixa de Gaza, aguardando a abertura da fronteira do território com o Egito para deixar a área do conflito.
No dia 7 de outubro, o Hamas, que controla a Faixa de Gaza, lançou um ataque surpresa de mísseis contra Israel e a incursão de combatentes armados por terra, matando civis e militares e fazendo centenas de reféns israelenses e estrangeiros. Em resposta, Israel bombardeou várias infraestruturas do Hamas, em Gaza, e impôs cerco total ao território, com o corte do abastecimento de água, combustível e energia elétrica.
Os ataques já deixaram milhares de mortos, feridos e desabrigados nos dois territórios. Em Gaza, a autoridade de saúde informou que mais de 6,5 mil palestinos, incluindo 2,7 mil crianças, foram mortos.
A guerra entre Israel e Hamas tem origem na disputa por territórios que já foram ocupados por diversos povos, como hebreus e filisteus, dos quais descendem israelenses e palestinos.
Em razão da videoconferência com as famílias, Lula adiou um café da manhã com jornalistas. O evento foi transferido para esta sexta-feira (27), também o dia em que o presidente completa 78 anos de idade.