A brinquedoteca estava lotada, as crianças vestidas de branco e o videogame dava lugar à imagem de Nossa Senhora de Nazaré. Tudo isso indicava que algo diferente aconteceria no Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo, na tarde de sábado, 17. “Hoje, nossa comunidade se alegra por ganhar novos filhos e filhas, crianças que são o dom precioso de Deus e a prova de seu amor”. As palavras do diácono Benedito Balieiro, da Paróquia de São Francisco de Assis, davam as boas vindas para quem esteve na brinquedoteca, mais especialmente para cinco crianças que fazem tratamento contra o câncer no Oncológico Infantil e a irmã de uma delas. Todas foram batizadas na cerimônia organizada pelo hospital, que é gerenciado pela Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar, sob contrato de gestão com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa).
A pequena L.V.S, de um ano e seis meses, era a mais nova entre as crianças batizadas. A escolha foi da mãe, Larissa dos Santos, que viu os pais saírem recentemente de Portel, na Ilha do Marajó, para tentar mudar de vida em Belém, e agora conta com o apoio deles no tratamento da filha iniciado há poucos dias.
Larissa viu no batismo uma oportunidade de fortalecer suas crenças e buscar proteção para a filha. “Acredito que Deus tem planos para nós e para ela. Para enfrentarmos tudo isso vamos precisar nos apegar mais a Deus, ter pensamentos positivos e esperar que eles voltem para a gente. Ela ainda é pequena, não tem noção do que está acontecendo, mas terá uma vida inteira para entender”, disse ela, confiante na cura da filha.
Além das crianças e suas famílias, outras duas figuras importantes no batismo são os padrinhos e madrinhas, que foram escolhidos pelas famílias entre voluntários do hospital, e agora assumem função de ajudar as crianças a seguirem uma vida de acordo com ensinamentos de Cristo.
Sérgio Manoel é um desses voluntários e já começou a trabalhar na missão, tendo que explicar para sua nova afilhada, V.G.R, de sete anos, o significado da água que molhou os cabelos da menina e do óleo passado no peito. “Como ser humano cristão, acho que é nossa missão cuidar delas. Eu assumo essa função com muito orgulho e amor”, disse ele, feliz por ter sido escolhido e ter participado da cerimônia. “Foi um dia emocionante e de muito carinho”, complementou.
Para a coordenadora de Humanização do Oncológico Infantil, Paula Viana, o batismo de crianças em tratamento na unidade, assim como as missas e cultos realizados todos os finais de semana, são ações que proporcionam um conforto necessário para as famílias. “Geralmente são tratamentos longos e as famílias acabam ficando no hospital por muito tempo. A gente fica feliz com a participação deles em ações como essas, que os reaproxima de costumes que eles tinham e traz um conforto que faz a diferença no tratamento”, finalizou ela.