Foto: Marco Santos / Ag.Pará
Por Pedro Prata, Estadão
Imagens oficiais do governo do Pará foram tiradas de contexto por publicações no Facebook para atacar a política de enfrentamento da pandemia do novo coronavírus do governador Helder Barbalho (MDB). O boato afirma que o chefe do Executivo estadual estaria escondendo os remédios em um galpão para não distribuí-los aos pacientes com covid-19.
A imagem dos medicamentos armazenados em um galpão foram publicadas pelo próprio governador em sua conta oficial no Twitter em 7 de abril. “Hoje começam a ser distribuídos, para hospitais com capacidade de atender pacientes de covid-19 na rede pública e privada, 74,9 mil comprimidos de azitromicina (500mg) e 90,7 mil comprimidos de hidroxicloroquina (400mg)”, escreveu Barbalho, que disse também que a droga seria utilizada “em nível hospitalar mediante prescrição médica”.
Em sua página oficial no Instagram, a Secretaria de Estado de Saúde Pública informou que os “todos os hospitais que solicitaram os medicamentos foram atendidos tanto da rede pública como da rede privada”. A Secretaria informou, ainda, que a falta dos medicamentos na rede farmacêutica comercial é “reflexo da falta dos produtos no mercado nacional” e que o Estado “não tem gerência sobre as redes farmacêuticas”.
A hidroxicloroquina é um antimalárico autorizado pelo Ministério da Saúde como terapia paralela ao tratamento dos infectados pelo novo coronavírus. Ela se tornou pivô da disputa ideológica no âmbito da pandemia. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) defende a ampla disponibilização do medicamento no tratamento dos doentes, embora autoridades da Saúde e pesquisadores afirmem que não há estudos suficientes sobre sua eficácia e segurança no tratamento dos pacientes.
Já a azitromicina é um antibiótico usado como terapia de suporte no tratamento de pessoas infectadas com a Covid-19.
Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.
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