Começamos hoje uma série de entrevistas com os pré candidatos ao governo .
Ex tucano o deputado Estadual Sidney Rosa foi lançado pelo seu partido atual o PSB colo pré candidato a governador . Aqui ele fala de projetos e faz críticas .
BN- Quando você entrou para a politica?
Entrei em 1996 como prefeito de Paragominas, reeleito em 2000 e antes eu era líder sindical, sou empresário . Paragominas viveu um momento crítico de 93 a 96, antes de eu assumir com títulos como Paragobala, aluno jacaré, problemas de poluição por causa do desmatamento, trabalho infantil, etc. Enfrentamos isso, mudamos a cidade graças à vontade de muita gente, levamos a visão empresarial a coisa pública . Esse grupo que deu início a essa mudança nos rumos da cidade também elegeu o Adnan, Paulinho e temos seis mandatos com um projeto sendo continuado, exitoso.
BN-Você sempre fez parte deste grupo que sempre transitou pelo PSDB. Porque não veio candidato a senador nas últimas eleições ?
Fui durante 20 anos e depois mudei para o PSB para ser filiado e dar mais visibilidade ao partido. Jatene havia feito uma composição com o Eduardo Campos e o Aécio. A ideia era eu fortalecer o partido . Eu não quis me lançar nesta aventura porque o Jatene na composição que fez teve seis candidatos a senador . Era um cenário de crise aquela eleição em 2014, reeleição difícil do Jatene , tanto que quase ele perde para o Helder, e um monte de candidatos lançados .
Depois o Zenaldo quis que eu fosse candidato a deputado federal mas o falecido Eduardo Campos me ligou dizendo que o Ademir Andrade então presidente do partido aqui , se sentia ameaçado com a minha candidatura já que ele concorria a federal , então decidi vir a deputado Estadual novamente .
BN- Você mudou de partido e percebemos que após esta mudança existem algumas criticas mais contundentes em relação ao governo. Você se afastou deste grupo porquê?
O primeiro governo Jatene foi um governo médio em 2011/2014, principalmente para o setor produtivo. Falta de título da terra, problema de licença ambiental, isto porque estou citando somente dois entre tantos outros.
O que falamos na época é que na eleição 2014 ela chegou naquele nível, porque ele não conseguiu responder as demandas que se comprometeu em 2010. No entanto ainda conseguimos reeleger o Jatene. Após a reeleição imaginávamos que ele fosse capaz de resolver estas demandas e isto não aconteceu.
O ponto x da questão foi a decisão de subir os impostos no final de 2016. Subiu o ICMS de 17 pra 18%, IPVA de 2,5 para 3,5% no valor do veículo e subiu ITCDM de 4 para 6% , mesmo como vice líder do governo eu fui totalmente contra, meu compromisso é com a população então não poderia ser conivente com esta decisão. O povo do Pará não aguenta mais aumento de imposto. Eu deixei claro para o governador e fomos pra Brasilia lutar contra o CPMF e conseguimos derrubar.
BN- Vamos falar sobre empréstimos. Vemos todo ano repetir a mesma novela, o governo sempre manda para a Assembleia estes pedidos de empréstimo no apagar das luzes do ano legislativo , porque é feito desta maneira?
Os empréstimos serem feitos e aprovados para investimento eu não tenho nenhuma objeção. E o estado do Pará tem a menor taxa de endividamento de todos os estados brasileiros. O que precisamos é que o Estado guarde pelo menos de 10 a 15% de sua receita própria para fazer investimento e também buscar os empréstimos para novos investimentos. Agora quando o Estado está gastando toda sua receita própria somente para o custeio é muito perigoso.
BN- Você se afastou do governo, mas você faz parte de um grupo, o restante do grupo não se afastou , então como ficou o ambiente com os seus pares originais?
O Jatene mesmo tendo sido o único eleito três vezes governador perdeu uma oportunidade muito importante de ter mantido o diálogo com demais lideranças para preparar um sucessor. Isto ele não fez, em outras palavras ele deu um recado para que cada um tomasse conta da sua vida. Então na verdade, nossa base aliada está toda dispersa.
Nesses dois anos e meio últimos o Jatene ficou isolado dentro de casa , ele se isolou , não recebia preceitos , lideranças . Talvez pela crise no país que foi dramática , não sei .
E 2018 termina a era de Almir e Jatene, onde novas lideranças vão se reafirmar, aparecer, para que a sociedade possa decidir o seu futuro. E no meio disso eu gostaria de apoiar alguém e cuidar da minha empresa, minha família. Mas não vou me acovardar em um momento em que o Pará precisa de uma alternativa para a eleição de governador. Não sei como vão agir os demais , mas eu estou tomando um caminho .
BN-Você falou que o governador não pensou em um nome, ou preparou um sucessor. Mas em Santarém ele anunciou seu apoio ao presidente da Alepa Márcio Miranda ….
Mas ele não discutiu com ninguém, nem com o PSDB e nenhum partido de base aliada. Foi uma decisão única e exclusiva dele. Lamento, pois o Márcio era nosso candidato a Senador, com uma campanha bastante adiantada, que nos unia quase toda a Assembleia em favor do Márico para o Senado, mas que agora o quadro é outro, até porque na verdade, o nosso partido PSB tem um projeto de apresentar nossa candidatura ao governo do estado.
BN-Antes de falar sobre sua indicação ao governo, vamos falar sobre as críticas. E a primeira crítica é que seria um balão de ensaio, para ocupar um cargo de importância, fazer uma composição . Isso procede?
Eu sou candidato a governador, não tem balão de ensaio e isso será do início ao fim. Entusiasmado pelo meu partido que me lançou candidato a um ano e meio das eleições .
BN- Mas vejamos . Colocado pelo Jatene, Marcio como presidente da Alepa tem este apoio importante, do PSDB e dos partidos próximos, do outro lado o Ministro Helder Barbalho candidato a eleição que já faz parte de um grupo muito forte. Como é que se enfrenta isso?
Muito simples, fizemos uma pesquisa em agosto e a população quer mudanças no Brasil e no Pará. Estes dois polos cansaram e o meu nome é uma alternativa com vários outros partidos que estamos discutindo para que o povo possa decidir. Eu me apresento como alternativa, não colada a nenhum destes dois.
BN- Mas Sidney, tirando a tua primeira eleição para prefeito, todas as outras eleições que você fez parte, você teve um apoio de um grupo forte. Teoricamente em algum momento, você pode vir a ter esse apoio , mas hoje este apoio existe ou ainda está sendo construído?
Veja bem, este movimento de Paragominas nestes 21 anos teve um grupo sob a minha liderança. Se o grupo vai acompanhar ou não ainda não sei mas eu tenho uma pesquisa que em Paragominas eu ainda tenho esta liderança e eu preciso me manifestar, por isso eu sou cobrado a ter esta postura que eu estou tomando. Veja bem não tem mágoa em relação ao governo atual, o que não aconteceu e deveria ter tido era diálogo entre as lideranças, neste caso de não ter havido, tivemos que tomar esta decisão. A nossa base aliada dos 28 deputados, ela está toda dividida.
BN-Você não teve nenhuma conversa com o Ministro Helder ou com o presidente da Alepa? Não existe a possibilidade de uma composição?
Pode até ter uma possibilidade de composição, nada ainda é definido. Toda definição será no dia 07 de abril caso Jatene renuncie ou não e depois a grande definição será no dia cinco de agosto que é a data das convenções, até lá, tudo é uma questão de articulação.
BN-E você percebe que as pessoas para quem você está levando que quer ser candidato estão recebendo como?
Muito bem. De setembro pra cá eu já fiz reuniões em 27 cidades aqui do Pará, principalmente com os setores produtivos e eu tenho sido bem recebido tanto com apoio político, como também do alinhamento. Na pesquisa que temos aqui 69% dos paraenses não votarão em ficha suja. 12% dos paraenses querem um governo presente, não querem dividir o estado, 13% dos paraenses querem um governador empreendedor, que tenha a coragem de ir pra cima da geração de emprego. Esta eleição, será uma eleição diferente.
BN-Você acredita que terá o apoio das lideranças dos setores produtivos?
Da grande maioria eu tenho certeza porque são eles que me entusiasmam, eu não tenho duvidas.
BN-Na sua experiência com o governador, tu acha que ele sai do cargo para ser candidato?
Com certeza ele sai para ser candidato, tenho certeza que ele irá renunciar.
BN- Se Jatene realmente lançar a filha candidata como se diz no meio político , você acha que isso gera problemas na base aliada?
Muitos problemas e isto desagregou muito a base. Ninguém pode fazer política pensando na família ou em um pequeno grupo. A política é a arte de juntar pessoas com o mesmo sonho e isso só acontece com diálogo, reunindo grupos.
BN-Se você fosse salientar uma proposta de governo, qual seria ?
Primeiro um choque de gestão na máquina pública para ela devolver um pouco ao cidadão. A nossa máquina pública é obsoleta, é a mesma máquina de quando eu cheguei no Pará. E a outra é a geração de emprego e renda. O Pará está travado precisamos atrair investimentos para o Pará melhorar.
BN-A gente escuta que tem de ter renovação , mas a impressão que eu tenho é que os partidos não estão lá muito interessados em dar espaço a novos nomes…
A gente precisa motivar gente de bem a entrar na política, veja, só uma pessoa com boas intenções larga sua família , seu trabalho , sua empresa para ajudar na política .
BN-Então mas aí o cidadão vai lá tentar e enfrenta , de cara, uma falta de espaço , um poderio econômico ….
Eu tenho dito onde vou que precisamos de gente nova ,representantes de todos os setores , que queiram entrar na política porque sem a política não há solução . Precisamos de gente que pense no coletivo, sem querer olhar apenas os objetivos de grupos , mas isso é difícil .Mas a dor da crise do país é tão grande que muita gente que nunca tinha pensado em entrar na política já pensa , acredito que teremos nomes novos se candidatando pelo país , isso é ótimo .
BN-A gente está anestesiado ? Porque vivemos em um estado com uma violência absurda . Aí eu escuto dizer que violência igual tem em todo o país .
Absurda , uma vergonha . Isso de falarem que a violência é desse jeito em todo o país é uma desculpa , aqui temos uma guerra , uma vergonha ! Mataram 4431 pessoas em 2017 no Pará. Em 2013 mataram 3 mil pessoas , então se você for ver ano por ano só teve crescimento . Nós estamos em uma guerra descontrolada . Não adianta somente aumentar o efetivo da polícia, tem de buscar o início de tanta violência. Falência das políticas públicas , da educação , da saúde . A violência é o maior desafio , mas no fundo está o problema da falta de renda , meu avô dizia que na casa que falta pão só tem briga e confusão . Então o pai de família que deixa faltar o que comer acaba não tendo autoridade sobre os filhos , então é necessário gerar empregos . Vivemos a banalização da violência .Estou sempre na tribuna da Alepa pedindo ao governador que chame a população para discutir o questão da violência
BN-Mas olha, eu detesto falar isso porque muitas pessoas entendem apenas como crítica pura e simples , mas eu não consigo ver nada de novo sendo tentado …
Não tem , são só as políticas velhas do passado, não buscam a origem do problema . Esse negócio de só polícia e presídio não resolve . Temos de conter e debelar esse desnível social de tal diferença , senão não vamos enfrentar de verdade a questão da violência .