Na semana passada o prefeito de São Paulo, João Dória, foi ungido nas prévias do PSDB, como o candidato do partido ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo de São Paulo. Sem um nome forte para lhe fazer sombra, mandatário paulistano foi aclamado por 80% dos que tinham direito a voto.
Dória havia prometido e até assinado documento em que se comprometia a terminar o seu mandato como mandatário municipal da capital paulista. Sem constrangimentos (assim como em outros casos) descumpriu o prometido, e deixará o paço municipal no Vale do Anhangabaú nas próximas semanas. Em seu lugar assume o seu vice, Bruno Covas (PSDB), neto do lendário ex-governador Mário Covas.
O plano dos caciques tucanos (arquitetado por Geraldo Alckmin, em 2015, começa a entrar na fase prática). A engenharia política era clara: Alckmin deixaria o governo do Estado para disputar à presidência; Dória seria prefeito por dois anos, saindo para ser candidato ao governo de São Paulo, deixando Bruno Covas em seu lugar, ambos ainda com a possibilidade de reeleição.
No meio deste período a estratégia quase saiu do traçado planejado. Dória foi além das expectativas. Venceu a eleição no primeiro turno e logo que assumiu a Prefeitura de São Paulo a sua popularidade estava em alta. Cogitava-se que prefeito poderia “pular” etapas e, quem sabe, ser lançado pelo PSDB ao Palácio do Planalto. Bastariam seis meses de gestão para que a popularidade de Dória começasse a cair, saísse da plataforma virtual, aliado com o forte marketing, para a dura realidade, sem maquiagem ou retóricas com frases de efeito.
Na semana passada a estratégia pensada, em 2015, foi colocada em prática. Geraldo Alckmin deixará o governo de São Paulo no início de abril e deixará o seu vice, Márcio França (PSB) em seu lugar. João Dória entregará a prefeitura de São Paulo ao seu vice, Bruno Covas (PSDB), e será o candidato tucano ao Palácio dos Bandeirantes.
Alckmin sairá em campanha pelo país. Ele sabe que o seu nome não é unanimidade para a disputa presidencial. Em todas as pesquisas realizadas até o momento o governador paulista não consta em nenhuma no segundo turno. Em algumas consultas o seu nome configura-se em quarto lugar. Alckmin só conseguiu ser o candidato – sem disputar prévias – por ter assumido a presidência nacional do PSDB, o que lhe garantiu força política suficiente para impor o seu nome. Geraldo já havia se candidato à presidência da república, em 2006. Chegou ao segundo turno, mas sem condições de vencer o então presidente Lula que disputava à reeleição.
No plano estadual, Dória reúne condições políticas-eleitorais para ser o próximo governador de São Paulo. A questão não é a competência do referido, e sim os seus adversários. Historicamente o eleitor paulista é de tendência mais à Direita, e de certo modo mais conservador. As pesquisas realizadas apontam que Celso Russomano (PRB) e Paulo Skaf (MDB) seriam os seus maiores adversários. Ambos já disputaram o Palácio dos Bandeirantes e ambos carregam alto índice de rejeição. O PT deverá lançar um nome, assim como o Psol e outras legendas. Mas o plano de Alckmin tem grande chance de se tornar realidade. O desafio maior e ao próprio Geraldo: conseguir chegar ao segundo turno e vencer a disputa presidencial.