Todos os anos, o Ministério da Saúde publica o Boletim Epidemiológico HIV/Aids, que compila todas as estatísticas sobre essa epidemia no país. O documento é fundamental para guiar as políticas públicas do setor e saber em quais áreas ou problemas o governo deve concentrar os esforços.
A última edição, divulgada em dezembro de 2022, reforça a tendência de subida nos casos de HIV entre idosos — apesar da queda geral nos diagnósticos em 2020 e 2021, por causa da pandemia de covid-19. Para se ter ideia, 360 brasileiros com mais de 60 anos testaram positivo para o HIV em 2011.
Essa taxa subiu ano após ano e chegou a 1.738 em 2019. Mesmo com toda a crise pandêmica dos últimos anos, foram 1.517 diagnósticos de HIV entre os brasileiros mais velhos em 2021. Isso representa um salto de quatro vezes em uma década, como você confere em detalhes no gráfico a seguir. A participação relativa dos idosos na porcentagem total de novos casos também cresceu.
Em 2011, 2,6% de todos os diagnósticos ocorreram no grupo com mais de 60 anos. Atualmente, eles representam 3,7% dos testes positivos para esse vírus. Especialistas explicam que o primeiro fator está relacionado ao baixo uso de preservativos nessa faixa etária, pois não há mais a preocupação com a gravidez. As mulheres que já passaram da menopausa, que ocorre por volta da quinta década de vida, deixam de ovular.
Com isso, não há mais como elas gerarem um bebê. O segundo ingrediente da lista é a popularização de remédios contra a disfunção erétil, como o Viagra e o Cialis. Graças a esses fármacos, os homens mais velhos — que costumam apresentar mais problemas para iniciar ou manter uma ereção — encontraram uma saída para prolongar a vida sexual.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil